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sábado, 26 de dezembro de 2015

BANHOS DE SOL

BANHOS DE SOL



BANHOS
DE SOL



  O Sol é a fonte da vida. A fotossíntese - esse maravilhoso fenô-
meno da química orgânica que se verifica no mundo vegetal - deve-
-se ao Sol. Os vegetais crescem sob a ação de seus raios benfazejos e
servem de alimento para o homem e para os animais. Nosso corpo fí-
sico, construído graças à nossa alimentação, não existiria se não fosse
o sol.
  A luz solar é tão importante que dela depende a própria vida.
Tanto assim que, na obra da criação, conforme lemos no livro de
"Gênesis", Deus, no primeiro dia, arrancou a luz das trevas, dizendo:
"Haja luz", e a luz foi feita. Só então achou oportuno criar a vida,
vegetal e animal, sobre nosso planeta.
  A vida moderna nas grandes cidades, infelizmente, rouba-nos
grande parte dos benefícios do astro-rei. Os confinados ambientes de
trabalho; as habitações mal erigidas em relação ao sol; os porões in-
salubres, despojam os citadinos deste valioso dom, que restaura os en-
fermos e conserva os sãos.


O Sol para as crianças

  Que outro remédio haverá, tão valioso e tão gratuito, como o
sol? As crianças, mais do que os adultos, o necessitam, pois que o
organismo infantil, em fase de crescimento, é sede de intensa ativida-
de celular. Ah! se pudéssemos recebê-lo fartamente em casa, pos-
suiríamos ótimas condições de saúde.
  A criancinha, desde os 30 dias de idade, conforme a época do
ano, deve ser exposta ao sol, por uns poucos minutos. E se, por mui-
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to ocupada, a mãe não pode, por falta de tempo, levar seu filhinho a
um parque, se a sua casa não dispõe de jardim ou de quintal, basta
arrastar o berço ou a caminha para perto da janela por onde penetre
um pouco de sol, para que a criança colha os benfazejos resultados
da sua irradiação.
  Por estranho paradoxo, muitas mães, aparentemente zelosas da
saúde e do bem-estar dos seus filhinhos, cometem com freqüência o
bárbaro erro de não deixar as crianças brincar ao sol, que, para elas,
está sempre "quente demais" e assim acham que "faz mal". Que en-
gano! A luz solar só pode fazer bem às crianças. Mas devem ter a
cabeça coberta com boné ou chapéu de palha. Não é necessário que
as mães se preocupem com a "quentura" do sol. As crianças sentem
melhor do que os adultos quando ele está "de queimar' e procuram
espontaneamente a sombra.


O Sol para os adultos


  A vida ao ar livre, com uma boa dose de sol por dia, é um passo
  decisivo em direção à boa saúde. Desde que não haja excesso, e o
  tempo de exposição vá aumentanto paulatinamente, a fim de que o
  organismo se acostume aos poucos, sem reações bruscas, os bánhos
  de sol só podem fazer bem. A epiderme torna-se rõpleta de pigmen-
  tos; os tecidos, mercê da aceleração do metabolismo celular, ficam
  mais resistentes às infecções.
  Quem toma um pouco de sol logo nota uma reação no seu orga-
  nismo. O estímulo produzido pelos raios actínicos acelera o metabo-
  lismo, provocando, em conseqi.íência, maior atividade celular. É com
  este princípio que se relaciona a helioterapia, empregada na cura de
  muitas moléstias, visto como, excitada a função celular, o organismo
  alcança vitória sobre as causas determinantes destas ou daquelas
õ:: doenças.

A ação dos raios solares


  A radiação solar se compõe de várias espécies de raios, entre as
quais os infravermelho e os ultravioleta. Os raios infravermelho esti-
mulam a circulação e as funções cutâneas. Algumas moléstias da pe-
le cedem e até desaparecem com banhos infravermelho.
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  Graças a uma das funções fundamentais da luz solar sobre os se-
res organizados, os raios ultravioleta agem sobre o ergosterol do cor-
po, através da pele, transformando-o em vitamina D, fator indispensá-
vel ao desenvolvimento e à manutenção do esqueleto ósseo e dos
dentes com sua consistência característica. Esta vitamina preside ao
metabolismo do fósforo e do cálcio, sem os quais o organismo se torna
raquítico. As regiões pouco abençoadas pelo sol pagam maior tributo
ao raquitismo. Além disso, os raios ultravioleta são estimulantes das
glândulas endócrinas.

O Sol e os micróbios

  Embora a luz solar seja indispensável à vida do homem e dos me-
tazoários, sobre os microorganismos, particularmente sobre os germes
patogênicos, o sol exerce ação destruidora: mata-os por dessecamen-
to. A própria claridade, indiretamente derivada do sol, desinfeta o
ambiente.
  Os micróbios não resistem muito tempo à ação dos raios solares.
Daí a necessidade de construir as moradias de maneira a permitir a
entrada diária do sol em todas as suas dependências. Os quartos enõ
solarados impossibilitam a sobrevivência dos micróbios, que exigem
certo grau de umidade e ausência de' luz para viverem fora do orga-
nismo. Para a desinfecção não se tornam necessárias, hoje, as fumi-
gações de enxofre, nem as aspersõeses de formol, nos quartos dos doen-
tes. A boa lavagem do chão e a caiação das paredes, seguida de am-
pla invasão do sol, é quanto basta.

A helioterapia

  Os banhos de sol são muito recomendados, em abundantes recei-
tas. "Onde entra o sol, não entra o médico", diz um velho adágio.

  A helioterapia - o tratamento das doenças pela luz solar - tem
efeitos terapêuticos muito conhecidos no tratamento das afecções dos
ossos, da tuberculose, de dermatoses, e de inúmeras outras enfermida-
des.
  O sol da praia é um santo remédio, mas, em certos casos, como
nos transtornos das vias respiratórias, no reumatismo, na debilidade
geral, no esgotamento nervoso, etc., deve-se preferir o sol num am-
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biente mais seco, onde o ar seja mais puro, e onde se possa usufruir
o bálsamo da flora silvestre, como nas montanhas.
  Em certos países onde o sol é saudado como um precioso dom
do Criador da natureza, como sucede no hemisférico Norte, o banho
solar constitui um agente terapêutico de primeira ordem. Na Escandi-
návia, multidões de pessoas tiram do sol, no verão, abundante provi-
são para o resto do ano. O banho de mar é geralmente tido como
uma oportunidade para tomar banho de sol. Os escandinavos dão
preferência às praias roçhosas, aos pontos altos, ainda que afastados
do mar. Fugindo das praias das cidades e dos lugares onde desembo-
cam esgotos, evitando as evaporações próximas, e respirando o oxigê-
nio mais puro da altitude, sabem tirar o máximo benefício desse in-
substituível agente medicinal da natureza. O sol tudo alivia ou cura.
  As afecções estomacais e intestinais podem ser radicalmente cura-
das com o banho de sol, de altitude. O banho de sol, eficiente e
ideal, é o que se toma nas montanhas, de preferência entre os pinhei-
ros. Não há, assim, o freqüente perigo de queimaduras, por vezes
muito sérias, nem a perniciosa ação sobre a vista, pelo reflexo solar
da areia. Para os que sofrem de uma dispepsia crônica e outras afec-
ções gástricas, o sol é um maravilhoso remédio, quando racionalmen-
te aplicado.
  Finsen, médico dinamarquês de Copenhague, foi o primeiro a
usar os raios concentrados de uma lâmpada elétrica para curar o lupo
vulgar, uma forma de tuberculose cutânea.
  Na Suíça há, para os tuberculosos, sanatórios em que a heliotera-
pia é aplicada com preponderância.
  Diz o Dr. Rollier: "A cura solar parece-nos o melhor tratamento
das coxalgias fistulosas, como para todas as fístulas de origem tu-
berculosa, e nunca vi este método fracassar, exceto nos casos chega-
dos à degeneração amilóide; além disso a cura helioterápica permite
tanto aos tegumentos como à musculatura, fortalecerem-se e desen-
volverem-se."
  Rikli encarou o sol como o mais valioso dos meios terapêuticos
naturais. Disse que o banho de sol produz uma sensação de bem-es-
tar e uma conscência superior.
  O organismo humano, exposto ao sol, adquire meios de defesa
que não obtém mediante a vida artificial, caracterizada pelo uso do


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vestuário, da cama confortável e do colchão de molas, pela reclusão
em casa ou no local do trabalho, e pelo sedentarismo.
  "A luz do sol", escreve ainda o Dr. Rollier, "realiza todas as con-
dições do tratamento antisséptico ideal, e enquanto os antissépticos
matam quase sempre a célula, antes de neutralízar a ação do germe,
a radiação solar, por sua ação local e geral, exerce seu poder bacteri-
cida, salvaguardando a função celular."
  A vida ao ar livre, em contacto com o sol, é o que de mais pre-
cioso buscam os higienistas hodiernos, que vêem, nos parqúes, nos
jardins, nas praias e nas montanhas, seu mais valioso recurso de defe-
sa orgânica. Graças aos banhos de sol, a pele se torna apta para de-
sempenhar-se das suas mais altas funções vitais, como órgãos de exci-
tação, de secreção e de enervação. ,
  Segundo Carnot, as células pigmentares, cutâneas e sangüíneas
absorvem as vibrações moleculares do sol, cuja energia difundem por
todo o corpo. Malgat afirma que os raios solares atravessam os teci-
dos e beneficiam profundamente os órgãos.
  Os raios solares estimulam e acionam os tecidos, e Ihes aumentam
as oxidações, satisfazendo as suas maiores necessidades. Não agem
apenas como excitantes das combustões celulares; constituem, antes,
um alimento para o sistema nervoso e uma reserva para a economia.
Deveras, comemos mais nas épocas em que é menos intensa a ação
solar sobre nosso corpo, e menos quando é mais intensa a atuação lu-
minosa a que estamos expostos. '
  Isso se explica pelo fato de que, estimulando o sistema nervoso
periférico e aumentando a irrigação sangüínea, o sol aumenta as oxi-
dações e também alimenta e tonifica a pele, os nervos, os músculos,
e todos os órgãos internos.
  Os raios solares constituem uma reserva natural para a economia
e uma força latente capaz de assegurar ao organismo uma defesa no-
tável. .
  Graças ao seu poder microbicida, à sua ação sobre as vitaminas,
ao seu efeito estimulante sobre os tecidos em geral, a luz solar consti-
tui um elemento da mais alta eficiência para a conservação da saúde e
a prolongação da vida.
  Como uma espécie de pulmão secundário, a pele, conservada em
bom estado, absorve um sexto do oxigênio ingerido através dos pul-
mões. É rovida de inúmeras glândulas respiratórias que devem ser
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ARNICA


DENTE-DE-LEÃO (411 )
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BANHOS DE SOL 133


mantidas livres e ativas, tanto para eliminar as excreções, como para
absorver o oxigênio pelos poros. É muito beneficiada por uma combi-
nação de ar fresco com raios de sol. Os banhos de ar e sol devem
ser tomados freqiientemente.

Método


  Os banhos solares com fins curativos podem ser aplicados ao cor-
po inteiro ou a uma parte do corpo. Muito importante, porém, é ado-
tar método e graduação progressiva. Quando se deseja desfrutar um
banho parcial, começa-se com quatro ou cinco minutos no primeiro
dia e vai-se aumentando, nos dias seguintes, de cinco em cinco minu-
tos, até o limite de uma ou duas horas,õ desde que não se verifiquem
indícios de intolerância locais ou gerais.
  Nos banhos gerais, em que todo ou quase todo o corpo fica exposto
à ação dos raios do sol, a irradiação também se processa de modo pro-
gressivo. No primeiro dia, expõem-se as pernas durante 5 minutos.
No segundo dia volta-se a expô-las durante 10 minutos, ao mesmo
tempo em que se descobrem os braços por 5 minutos. No terceiro
dia expõem-se os braços e as pernas durante 10 a 15 minutos, e o
tronco durante 5 minutos. Cada dia prolonga-se de 5 minutos a ir-
radiação sobre o corpo todo.
  Com este processo é possível obter dos raios solares o máximo
benefício, sem os transtornos de uma insolação irregular, locais ou ge-
rais, que podem ir desde a simples vermelhidão da pele até à queima-
dura de segundo grau, caracterizada pela aparição de bolha na cútis.
  Os indivíduos loiros, de pele clara, são especialmente sensíveis
aos raios do sol, devendo, portanto, tomar cuidado especial quando
se expõem à irradiação solar.
  Entre os sintomas gerais figura também o cansaço, a aceleração
do pulso e a febre. Suspendem-se os bõnhos de sol quando esses si-
nais se manifestam.

  A melhor parte do dia para o banho de sol, é entre as 9 e as
11 h, óu das 15 h em diante, quando é diminuto o risco das queima-
duras. A melhor época do ano para a prática da helioterapia é o ve-
rão, nos dias claros.
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134 A FLORA NACIONAL NA MEDICINA DOMÉSTICA

  Um cuidado primordial a ser posto em prática, nos banhos de
sol, é o de resguardar a cabeça com um chapéu de palha, de aba lar-
õa. Em casos especiais, convém ouvir a opinião do médico.
  Um banho de chuveiro depois do banho de sol é prática reco-
mendável.

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