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domingo, 15 de junho de 2008

FALANDO SOBRE ALIMENTOS.

Falando sobre alimentos



Ultimamente um jornalista e escritor norte americano tem ganhado espaço de mídia. Se trata de Michael Pollan. E ele fala sobre comida. Para os intelectuais de nosso tempo ele traz o tema sob uma nova ótica: a ótica do tradicional.

Ele torna um pouco mais “pop” uma perspectiva relativamente óbvia sobre a questão alimentar, mas que foi completamente corrompida no curso do século XX: a alimentação tradicional é a mais saudável.

O seu último livro tem o nome de “In defense of food” (Em defesa da comida), que tem ficado entre os mais lidos nos Estados Unidos. O autor fala sobre a nutrição, a indústria dos alimentos e os conceitos de alimentação saudável.

Em uma entrevista para a televisão, ele comentava sobre um curioso aspecto ligado aos cuidados com a alimentação: as pessoas mais preocupadas com a composição nutricional dos alimentos é justamente a população com mais enfermidades ligadas ao que come. Mas na verdade essas pessoas não comem comida de verdade. Consomem produtos que seus antepassados poderiam ter dificuldade em reconhecer como alimentos. A própria legislação auxilia a transformá-los em produtos extravagantes, pois exibem em suas embalagens uma lista extensa de nomes químicos, que de um modo geral, torna difícil de serem reconhecidos pelo consumidor comum. Na verdade quem compra uma maçã, um saco de feijão, ou um peixe, dificilmente vai se preocupar na composição nutricional de tais produtos. Obviamente ninguém, ao longo de centenas de anos, precisaria fazer isso.

Essa é uma necessidade para produtos industrializados com finalidade alimentar. Michael diz que se a embalagem tiver nomes que você tenha dificuldade de entender ou mais de cinco componentes, é melhor não adquiri-lo. Sumariamente ele recomenda que se o seu “produto alimentar” não apodreça, não pegue fungos, ou não seja ingerido por roedores, talvez seja melhor você não consumi-lo também. Alimentos verdadeiros são interessantes por qualquer entidade da natureza capaz de transformá-lo em energia e recolhê-lo do meio ambiente. A rigor há produtos alimentares feitos pela indústria que se comportam como poluentes ambientais, pois não se decompõe com facilidade, como seria esperado para “coisas” que nutrem. Permanecem inalterados por longos períodos de tempo. A margarina que fica estocada fora do gelo em alguns supermercados incautos, mesmo no verão pode ser um exemplo. Leite que fica fora do gelo por meses e não azeda, é um tanto extravagante. As barras de cereais, biscoitos de vários tipos, e vários alimentos congelados não ficam muito longe dessa perspectiva. Principalmente quando temos em suas composições: gordura vegetal, glutamato monossódico (GMS) e aspartame. Aliás, o aspartame agora adoça a água com gás. Por incrível que pareça, a água mineral (ou não) com gás (ou não) com pitadas naturais (ou não) de algumas frutas tomou conta das prateleiras dos supermercados sob nomes atrativos: “H2HO!”, “Aqua fresh” entre outros produtos teimam em perverter a ingestão de líquidos pelas pessoas, que carentes como nunca de sensações prazeirosas em seu dia-a-dia, tomam aspartame na água, para matar a sede, ou aumentarem a dependência das pessoas à praga das águas em garrafa de plástico. (Nesse caso nem água é, pois não passa de água poluída, aquela que a pessoa não quer tomar dos encanamentos de sua casa, para tomar uma água poluída com o composto de fenilalanina + metanol + ácido aspártico (composição do aspartame) e aromatizantes que não deveriam estar ali...)

De qualquer forma jamais devemos nos esquecer: para matar a sede somente água. Qualquer coisa além de água é para aplacar a fome: seja um suco ou água de coco.

Michael Pollan ofereceu uma entrevista à revista Veja, conhecida por tratar os alimentos como produtos farmacêuticos, aliás, um imenso desrespeito às tradições alimentares de um país farto de boas e centenárias tradições, como o Brasil. A começar pelos hábitos multi-seculares dos nossos indígenas (sempre esquecidos quando os intelectuais da mídia falam de tradições reportando hábitos de outros continentes, como a Ásia, dos quais não teríamos motivo algum para seguir), ou centenários como as populações de vários tipos de interior, do litoral etc.

A seguir alguns pontos da entrevista, nas palavras de Pollan :

“Atualmente, os alimentos são vendidos apenas com base em seus benefícios para a saúde: um é capaz de reduzir seu colesterol, outro tem muitas fibras. Os nutrientes tornaram-se mais importantes que a comida em si. O alimento é apenas um intermediário na entrega destas substâncias. Como os nutrientes são invisíveis para todos, exceto para o cientista e seu microscópio, escolher o que comer tornou-se uma decisão para profissionais, e não para amadores. Tem-se a impressão de que é necessário ter um diploma de bioquímica para tal escolha, o que não é correto. Além disso, as mensagens científicas com relação à comida são muito confusas. Há muita divergência entre nutricionistas sobre o que é ou não saudável.”

Outro ponto interessante sobre o nutricionismo:

“Nutricionismo é a atual ideologia em torno da comida. O nutricionismo parte de alguns pressupostos, muitos dos quais nós compartilhamos sem perceber. Acreditamos, por exemplo, na possibilidade de dividir o mundo em nutrientes bons e ruins. Os ruins precisam ser removidos da comida, enquanto os bons, quanto mais, melhor. Atualmente o bom é o ômega-3 e o ruim é a gordura trans, mas isto muda constantemente ao longo da história. Cem anos atrás, as proteínas eram os nutrientes ruins, que deveriam ser substituídos por carboidratos. Outra premissa é que comemos para manter a saúde. Alimentamo-nos para melhorar ou piorar nossa saúde, e apenas isto. Na verdade, comemos pelas mais diversas razões: por prazer, para socializar com os amigos, para participar de rituais familiares e até para demonstrar nossa identidade cultural e religiosa. A saúde é só uma das razões, e por isso não pode se tornar nosso único parâmetro de escolha dos alimentos.”

Em outra entrevista Pollan fala a respeito da questão dos trangênicos e da ambição de reduzir a fome no mundo:

“Este é um assunto muito complexo. Eu não acho que eles estejam sendo sinceros quando usam este argumento. Porque eles não estão trabalhando para resolver a fome do mundo. Eles estão trabalhando na resistência dos agrotóxicos para uma produção industrial em países ricos. Este argumento é pura retórica e acho que eles estão apelando para nosso sentimento de culpa, compaixão e preocupação com o resto do mundo. E eu não aceito este argumento. Em outras palavras, eles estão dizendo que nós devemos deixar de lado nossas preocupações com o que nos interessa por "razões altruístas" e aceitar esta tecnologia para que o povo da África possa ter o que comer.

A revolução verde aumentou enormemente a produtividade das plantações, mas evidentemente não o suficiente para matar a fome do mundo. Os países com os maiores índices de fome são exportadores de comida. Então não é uma questão de quanta comida você produz, a questão é saber quem comanda o dinheiro para comprar comida, e quem faz a distribuição. E isto não é problema de tecnologia.”

Como podemos ver Michael Pollan tem perspectivas bastante interessantes sobre esses polêmicos temas atuais.

Ele sugere: “Coma como sua mãe!”

Aliás: coma de acordo com seus avós, ou parentes mais antigos. Você pode ter certeza: por mais politicamente incorreta que possa parecer o que eles comiam, eles estavam corretos!

Você pode ter suas crenças alimentares, mas jamais insista na falácia de que limites filosóficos alimentares tenham qualquer relação com a alimentação natural!





José Carlos Brasil Peixoto

31052008



Veja a íntegra das entrevistas nos seguintes links:



http://www.planetaorganico.com.br/pollan1.htm

http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/300408/especial_entrevista.html



Sobre o aspartame: procure o documentário: Sweet Misery.

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