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sexta-feira, 25 de abril de 2008

CUIDAR PARA NÃO PERDER.

Carlos Henrique Pedrazas

É de conhecimento geral que várias enfermidades produzem efeito em locais distantes da origem. Como exemplo temos a constipação intestinal (prisão de ventre) podendo gerar dor de dente através da corrente sangüínea. Assim ocorre com a cárie, que pode ser gerada a partir da queda do sistema imunológico, expresso na "fraqueza" do dente. "Deus deseja ser reconhecido como o Autor de nosso ser. A vida que Ele nos deu não é motivo de brincadeira. O descuido dos hábitos do corpo revela descuido do caráter moral. A saúde do corpo deve ser considerada como essencial ao progresso no crescer na graça, e num temperamento uniforme."—Manuscrito 113, 1898. Isso nos leva a perceber que devemos nos precaver contra doenças, inclusive as da boca.


A cárie e suas características — A cárie é uma doença infecto-contagiosa causada principalmente pelas bactérias estreptococos do grupo mutans (EGM), sendo normalmente crônica e, às vezes, aguda. As bactérias EGM apresentam como produto de metabolismo o ácido lático, substância que causa a desmineralização do dente, ou seja, desestruturação dos cristais de hidroxiapatita formadores do esmalte e da dentina, podendo resultar em uma cavidade. Para surgir essa cavidade são necessários vários meses de escovação precária, e por isso a cárie pode ser considerada doença crônica.


Entretanto, quando são percebidas manchas brancas no dente, mesmo após a escovação, significa que existe atividade cariogênica do tipo agudo, que é facilmente revertida. Cabe afirmar que as bactérias têm localização preferencial na mucosa oral, superfícies subgengival e supragengival (dente) e dorso da língua. O conjunto de bactérias forma a placa dental, que dá aspecto esbranquiçado a essas superfícies. O que gera a cárie é a placa supragengival, enquanto a placa subgengival gerará as doenças periodontais (gengivite, por exemplo). As demais placas poderão gerar halitose (mau hálito). As placas dentais são formadas por bactérias (70% a 80%), glicoproteínas salinares, polissacarídeos e o IgA, que é o principal anticorpo presente na saliva.


Placa X saliva — É importante saber que, quanto mais ácida é a placa, mais fácil é de se contrair cárie. Aí entra a saliva com o papel de neutralizar esses ácidos. A resistência do dente é representada pela ação conjunta da saliva com o IgA. Em cáries profundas, os principais microrganismos encontrados são os lactobacilos e os actinômios. Todas as bactérias cariogênicas têm capacidade de armazenar açúcar, fazendo reserva intracelular de alimento, o que justifica a importância extrema da escovação após a última refeição.


Quanto maior a quantidade de saliva, menor o risco de cárie, já que ela é a principal responsável pela neutralização do ácido liberado no metabolismo da bactéria causadora da cárie. Porém, existem substâncias que diminuem o fluxo salivar, sendo chamadas de substâncias cariogênicas, como o guaraná, café e outras substâncias estimulantes. Além disso, o aumento da idade, a baixa ingestão de água e a adrenalina (liberada pelo organismo em situações estressantes) promovem a diminuição do fluxo salivar.


Durante as refeições, ocorre sempre uma estimulação, mecânica, para a liberação da saliva, promovendo imediata proteção dos dentes. Mediante o constante consumo de açúcar branco entre as refeições, porém, essa proteção pode ser superada, já que a sacarose não estimula suficientemente o fluxo salivar. Vale ressaltar que a infecção por bactérias cariogênicas se dá muito antes dos sinais clínicos da doença (cavidade). Sendo assim, a cárie do tipo crônico pode ser facilmente evitada. É bem verdade que o dente quase nunca fica totalmente sem placa, mas o real problema é se essa placa é composta por EGM, pois esse grupo de bactérias é o maior responsável pela aquisição da cárie. A partir desse pressuposto, foram feitos testes que provaram que placas removidas de áreas cariadas são diferentes das provenientes de zona sadia.


Momento de maior risco — Sobre a infecção por EGM, deve ser dito que, quando ocorre no dente com o esmalte maduro, dificilmente resulta em cárie. Já no caso de infecção em esmalte imaturo (poroso), a aderência e os danos causados pela placa tornam-se maiores. Afirmando que o esmalte imaturo é aquele do dente que acabou de nascer, pode-se dizer que crianças de até 2 anos de idade, ou de aproximadamente 6 anos (quando começam a nascer os dentes permanentes), são as mais suscetíveis à cárie. Mas até os adultos estão propensos a ter cárie, caso não tenham bom controle da placa, ou seja, boa higienização.


Quando o dente nasce, é completamente estéril, mas de pronto começam a se depositar em sua superfície colônias de bactérias de diferentes espécies. Somente quando existem resíduos de açúcar é que os EGM se fixam ao dente, formando a placa dental cariogênica. Ou seja, é possível, a partir da boa limpeza bucal, evitar contaminação por EGM. Nos dentes imaturos, são encontradas pequenas cicatrizes e fissuras microscópicas que servem de "esconderijo" para os EGM. Em dentes maduros, elas são preenchidas e fechadas por bactérias que não causam cáries, ou infectados por EGM. Sabe-se que essas microporosidades são de difícil acesso, e justamente por isso não se consegue uma boa limpeza total da estrutura dentária. Caso o paciente tenha baixa ingestão de açúcar, a fixação de EGM nas fissuras torna-se mais difícil do que a de outras bactérias, que com o tempo vão calcificando até fechar completamente o "buraco de nascença" do dente. Logo, no dente maduro sadio, toda placa dental pode ser removida mediante escovação e utilização de fio dental. Locais colonizados por bactérias "amigas" não podem ser ocupados por EGM, as bactérias vilãs da cárie.


Prevenção pela dieta — De acordo com pesquisas, pode-se afirmar que, nas sociedades industrializadas, 90% a 100% dos adolescentes são portadores de EGM, enquanto nas sociedades ditas "primitivas", esse percentual fica entre 0% e 40%. Isso se deve ao fato de a dieta primitiva geralmente consistir de alimentos crus e não refinados que, por conterem grande quantidade de fibras, removem os resíduos aderentes dos dentes durante a mastigação normal.


Na dieta moderna, os alimentos macios e refinados tendem a aderir firmemente aos dentes e não são removidos porque não possuem fibras. A redução da mastigação devido à consistência da dieta determina um aumento do acúmulo de resíduos sobre os dentes. Na dieta industrializada, o consumo de açúcar branco (sacarose), sendo elevado, propicia o aumento do risco de cárie, já que a sacarose promove a adesão da placa ao dente não promovida pelos outros tipos de açúcar, como frutose e lactose. Assim, para tentar suprimir da dieta industrializada os agentes que causam cárie, deve-se evitar comer entre as refeições e, sempre que possível, fazer a limpeza dos dentes após cada refeição. Utilizar alimentos fibrosos como verduras, frutas e alimentos integrais é de grande valia para a diminuição da placa dental, além de ser importante para a manutenção da saúde orgânica em geral.


Para evitar a aquisição da doença cárie, deve-se tornar hábito:


• A utilização de escova com creme dental, fio dental e enxaguador bucal após as refeições.


• Não ingerir açúcar refinado, principalmente entre as refeições. Fazer um controle dietético substituindo o açúcar branco por outros açúcares.


• Consumir dieta rica em fibras.


• Ir periodicamente ao dentista para limpeza, aplicação de flúor e análise clínica.

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