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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Escândalos nos ensaios clínicos


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Escândalos nos ensaios clínicos







Julga que todos os medicamentos que toma foram sujeitos a uma rigorosa investigação e ensaios clínicos fidedignos? 

Engana-se, grande parte desses ensaios é falsificada para que os resultados favoráveis permitam a sua colocação no mercado. 



Ensaios clínicos falsificados.


A FDA (Food and Drug Administration) fez um inquérito rigoroso à Cetero, a maior empresa americana do género, subcontratada pelos laboratórios farmacêuticos, que tratam dos ensaios clínicos antes da obtenção da autorização de colocação dos medicamentos no mercado. Resultado: numerosos dossiês foram manipulados ou falsificados.
Entre abril de 2005 e junho de 2009, muitos dos responsáveis pelos ensaios clínicos, aquando do inquérito, estavam simplesmente ausentes, quando deveriam estar a realizar os testes. Esta situação aconteceu 1600 vezes. A FDA chegou igualmente à conclusão que muitos dos resultados também tinham sido falsificados para serem colocados rapidamente no mercado, como sendo eficazes e sem perigo.

"Os erros apurados são suficientemente graves para suscitarem preocupações quanto à integridade de todos os dados fornecidos pela Cetero durante este período de cinco anos", revelou a FDA.

Contudo, nenhum laboratório farmacêutico é citado, e a FDA até pede que os que recorreram à Cetero para se identificarem! Chega mesmo a acrescentar, que "a segurança e a eficácia dos medicamentos actualmente comercializados provavelmente não serão afectados". 

Temos que, por um lado descobre-se que dados de ensaios clínicos foram falsificados e por outro, para não mexer no lobby farmacêutico, diz-se que esses mesmos medicamentos são seguros.


Dr. Reuben, um novo coso Murdoch.


O DR. Scott Reuben, anestesista, é um desses investigadores que efectuam ensaios clínicos, pagos a preço de ouro, para indústria farmacêutica. No dia 10 de março deste ano, o director do hospital onde Reuben trabalha, revela, ao New-York Times, uma informação que teve o efeito de uma bomba: "o Dr. Reuben nunca efectuou pelo menos 21 dos 72 ensaios clínicos em que diz ter participado e publicados nas revistas científicas desde 1996".

Todos os seus estudos clínicos estão assim postos em causa. A gravidade do caso ainda é maior, quando se sabe que o Dr. Reuben tinha realizado os estudos clínicos que permitiram a colocação no mercado de medicamentos como Celebrex, o Efexor  ou o tristemente célebre Vioxx. Ultimamente este médico recebia muitos trabalhos do laboratório Pfizer, em contrapartida, este laboratório pagava bem ao médico para que estes estudos lhe fossem favoráveis e na promoção de palestras em que glorificava os seus medicamentos.

Como lembra o antigo redactor-chefe da prestigiada revista médica "New England Journal of Medicine, Dr. Jereome Kassire, "quando os investigadores têm grande parte do seu salário dependente de um laboratório farmacêutico, existe uma tendência para que os resultados obtidos sejam favoráveis a essas empresas".

No caso do Vioxx, no qual trabalhou Reuben, a FDA calcula que desde 1999, só nos Estados Unidos, o Vioxx terá sido responsável por 160 000 enfartes e AVC, e que terá estado na origem de 28 000 mortes. Quando foi finalmente retirado do mercado em 2004, já há muito tempo que existiam estudos independentes que referiam a sua perigosidade.


Mais barato do que chimpanzés!


Cada vez mais, o laboratórios farmacêutico deslocalizam os seus ensaios clínicos. Motivo: o recrutamento de cobaias humanas é mais fácil, ficam mais baratos, as normas de segurança são mais laxistas e essas pessoas consomem menos medicamentos o que reduz as possíveis interacções medicamentosas.

Nos Estados Unidos, 78% dessas cobaias humanas são recrutadas nos estrangeiro, na Europa reprsentam 61%. Os países "fornecedores" são africanos, asiáticos, América latina e cada vez mais países de leste. Nestas condições é extremamente difícil avaliar as condições e qualidade desses ensaios clínicos.

Além da dificuldade de extrapolar os efeitos clínicos que provêm de populações com condições de vida e perfis genéticos completamente diferentes dos nossos, põe-se a questão ética de utilizar uma população maioritariamente analfabeta, onde todos os abusos são possíveis.

Só no ano passado, é que o governo dos Estados Unidos pediu formalmente desculpas à população do Guatemala pelas experiências feitas em 1940. Nessa altura tinha sido injectado, por médicos investigadores, a sífilis a presos, mulheres e doentes mentais, sem que estes tivessem conhecimento, para testar a eficácia da várias terapêuticas.


Para testar medicamentos, e isto mais recentemente, no estado de Connecticut, foi deliberadamente inoculado o vírus da hepatite em doentes mentais. No estado de Nova Iorque foi o caso da inalação do famoso vírus da gripe pandémica a prisioneiros. Em Maryland temos a injecção de células cancerosas num hospital de Nova Iorque em afro-americanos. E esta lista é longa. Jornalistas de investigação da Associated Press encontraram mais de 40 "estudos" deste género. 

Com o grande desenvolvimento da indústria farmacêutica, nos anos 50, nos Estados Unidos, a experimentação em prisioneiros era autorizada em pelo menos metade dos estados. Durante uma audição perante o Congresso, os responsáveis da indústria farmacêutica explicaram que essas cobaias humanos eram mais baratas do que os chimpanzés.

Com a proibição da utilização de prisioneiros, esse "chimpanzés" são agora a população africana e cada vez mais a população dos países de leste. Países onde a vida humana vale menos do que a dos chimpanzés...

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