Pesquisar este blog

Seguidores

sábado, 23 de outubro de 2010

A CIÊNCIA DE COMER

Trecho Do Livro Nossas Forças Mentais de Prentice Mulford

EM ÁUDIO http://www.4shared.com/audio/CZWuOVn0/A_CINCIA_DE_COMER.html

A CIÊNCIA DE COMER
ESTADO mental em que nos achamos no momento de nos sentarmos à mesa para comer tem uma importância capital, muito maior mesmo do que as próprias substâncias alimentí¬cias de que nos nutrimos, ainda mais não sendo grato ao pa-íadar tal alimento.
E é porque quando comemos, ao mesmo tempo que o corpo ingere os alimentos, o Eu espiritual incorpora em si todos os pensamentos e estados mentais predominantes em nós durante a refeição. Se, enquanto comemos, estivermos pensando em coisas que nos desagradam, incomodam ou irritam, ou ainda deixamos invadir a nossa alma pela tristeza ou o desânimo ou nos entregamos a movimentos mentais de impaciência ou ansie¬dade, assimilamos tão nocivas idéias e elementos, que eles co¬meçam, deste modo, a formar parte de nós próprios. Os nos¬sos alimentos convertem-se, então, num agente material, me¬diante o qual atraímos idéias e pensamentos que nos causarão grave dano. Embora a alimentação seja muito sã e nutritiva, de nada nos aproveitará se, ao momento de ingeri-la, a nossa mente estiver sob a ação de pensamentos deprimentes de pesar ou de cólera, ou elaborando, acaso, preconceitos perniciosos que só lhes aproveitarão como um veículo magnífico para esses maus elementos formarem parte do nosso espírito.
Comer com inteligência sossegada, com a mente num esta¬
do de tranqüilidade, bem-estar e paz, ocupando o espírito e a
conservação em coisas agradáveis, atrairá para nós uma cor¬
rente mental plena de vigor e saúde. Pode-se afirmar que, nesse
caso, ingerimos tal corrente mental ao mesmo tempo com os
alimentos, a qual desde esse momento começará a formar parte
i, integrante do nosso Eu espiritual.
Está encerrada uma grande e muito proveitosa verdade nes¬
ta frase: Sejamos puros à mesa. Quer seja formulada em
voz alta ou só mentalmente esta idéia, ela nos atrairá a corren¬
te espiritual que há de determinar, em nosso ânimo, esse estado
necessário para que os alimentos que ingerimos sejam benéfi¬
cos, tanto ao corpo como ao espírito.
, E podemos exteriorizar esse desejo em qualquer lugar e
ocasião, embora tomemos apenas um bocado.



20

21

Pensar, enquanto comemos, em doenças, qualquer espécie de dor, desgosto ou infelicidade, é atrairmos os elementos que as produzem e construir a doença, a amargura ou a vicissitude dentro do nosso espírito.
Podemos não sofrer da enfermidade especial em que pen¬samos ou falamos durante a refeição, mas se o repetirmos mui¬tas vezes e isso chegar a converter-se para nós num hábito, in¬dubitavelmente um dia ou outro chegaremos a ser atacados por ela.
Enquanto comemos assimilamos elementos mentais bons ou maus em muito maior quantidade do que em outras ocasiões da vida, em vista das razões que passamos a expor.
Quando comemos, achamo-nos em um estado receptivo mui¬to mais amplo do que nas outras horas do dia, enquanto estamos acordados. Quer isto dizer que o espírito coloca a si próprio, e ao corpo também, num estado adequado para a recepção das forças que os alimentos tomados encerram; e nesse estado, naturalmente, com muito maior facilidade, pode vir para nós sob forma mental, tudo o que de bom ou de mau existe no uni¬verso, o que fazemos quase sempre inconscientemente. Além disso, enquanto o espírito e o corpo estiverem recebendo forças de qualquer origem que seja, não podem produzi-las, da mesma forma que o cavalo não pode trabalhar enquanto está comendo.
Faríamos, portanto, um dispêndio inútil de forças se, en¬quanto estivéssemos comendo, a nossa mente estivesse também desagradàvelmente ocupada com algum pensamento triste, gra¬ve preocupação ou em grande tensão de espírito, relativamente a qualquer assunto.
Por esta razão, também o estudar enquanto se está comen¬do, há de acabar por nos causar um gravíssimo dano.
De forma que podemos atrair enorme quantidade de ele¬mentos benéficos, se ao comer procurarmos colocar o nosso es¬pírito num estado de completa serenidade e sossêgg; como tam¬bém atrairemos grande quantidade de elementos mentais malé¬ficos, se fizermos as refeições tendo o espírito fortemente preo-cupado por profundo desgosto, grande impaciência ou ansie¬dade, ou ainda um forte sentimento de cólera.
Aquele que, durante muito tempo, teve o costume de se sen¬tar à mesa no estado mental de que acabamos de falar, não julgue que pode quebrar esse mau hábito e desligar-se dele ime¬diatamente. Todo hábito mental que nos afeta ou domina fisi¬camente, só pouco a pouco e gradualmente pode ser modificado. Vê-lo-emos modificar no sentido benéfico, graças ao nosso per-

sistente desejo ou prece, para que tal mudança se realize. Ao sentarmo-nos à mesa, recordaremos de vez em quando que, en¬quanto nos alimentamos, c necessário colocar-nos em boas con¬dições mentais e de tranqüilidade e repouso, embora não seja¬mos capazes de conformar-nos com elas. O corpo tem-se ido formando, por assim dizer, através de larguíssimos anos e adquirindo gradualmente o costume do viver de acordo com certos costumes rotineiros que não podem ser rapidamente abandonados, nem modificados. Podemos, porém, começar por pedir pela manhã, a realização das condições mentais necessá¬rias para produzir o ansiado sossego e tranqüilidade do corpo e do espírito, com a segurança de irmos, assim, nos refazendo pouco a pouco; destruiremos, destarte, tudo o que nos possa ser prejudicial. Só pelo fato de formular este desejo atraire¬mos já uma nova corrente mental, e a ação contínua e cres¬cente exercida sobre nós por ela, há de chegar a corrigir-nos neste ponto concreto, como pela mesma forma poderemos sem¬pre corrigir-nos de qualquer outro defeito.
Há uma maneira de comer excessivamente precipitada e cheia de inquietações que nos obriga a ingerir os alimentos com tanta pressa e voracidade, e em pedaços tão grandes que, mui¬tas vezes, acaba por nos fazer sofrer uma influência especial, que nos tira por completo o apetite e o gosto de comer, apesar de nos sentirmos com demasiado apetite quando nos sentamos à mesa.
As pessoas que se deixarem dominar longo tempo por este mau hábito, acabam freqüentemente por perder totalmente a vontade de comer.
O máximo de tempo que tais pessoas gastam à mesa não passa de vinte minutos, quando muito, e quase não conhecem nem compreendem sequer o gozo físico e espiritual que se pode encontrar no simples fato de comer sossegada, calma e tran¬qüilamente, e ainda não sabem quanta extraordinária energia nos pode proporcionar o comer no estado mental de que acabo de falar.
Esta forma de comer com sofreguidão é um péssimo costu¬me e muito perigoso. Em virtude desse mau hábito, o corpo, embora tenha ingerido talvez grande quantidade de comida, sentir-se-á sempre esfomeado, necessitado de alimento; e o co¬mer deste modo não nutre o organismo, nem dá saúde.
Haverá até pessoas que irão emagrecendo e enfraquecendo, sem o notarem sequer, devido a este mau hábito, até chegar um



22

23

m

dia em que o corpo depauperado se veja completamente aban¬donado pelo espírito, dando-se o que os homens denominam morte.
Outros converter-se-ão em mártires da dispepsia, atribuindo a sua enfermidade a este ou àquele alimento que ingeriram, quando a verdade é que esses caluniados alimentos nada têm que ver com a doença que tanto os faz sofrer. Em compensação, o estado mental em que se encontram enquanto comem é o úni¬co culpado de todos esses malefícios.
Quando comemos muito às pressas, com o espírito cheio de ansiedade ou inquietação, atraímos forças e inteligências que nenhum prazer tomam em nossa refeição e a consideram antes como uma operação incômoda e até, talvez repugnante, espe¬rando impacientemente que ela acabe o mais breve possível. Sob as nefastas influências dessas forças quase sempre incon¬venientemente atraídas, pode o organismo sentir profunda re¬pulsa pelo alimento e até convertê-lo, como atualmente sucede com muitas pessoas, num hábito puramente mecânico, causan¬do com isso imenso dano ao corpo.
Em todo trabalho"rorporeò,.e em todo serviço que se presta ao corpo, é necessário que a sua ação se realize de um modo vibrante e integral; de outro modo, podemos afirmar que é um serviço improfícuo, morto, como se costuma dizer, e isto nada mais fará que trazer enfermidade e decadência ao corpo.
O homem que chega a entregar-se tão do íntimo da alma à arte que professa ou ao seu negócio, que nem sequer se lembra de alimentar-se e, se o faz, apenas gasta nisso pouquíssimos mi¬nutos, para imediatamente voltar, com a máxima precipitação, às suas ocupações, depois de mal ter tragado alguns bocados, certamente, mais cedo ou mais tarde, virá a sofrer muitíssimo em sua saúde, por esse motivo.
Não podemos estar continuamente refazendo as energias do
corpo e do espírito, da mesma forma que o maquinista pode
manter sempre aceso o fogo da máquina, pois, mrrjrescindivel-
raente necessitamos de alguns momentos de descanso jjara. isso.
Não é certamente bom sinal para ninguém o fato de dizer que
a qualidade do alimento é indiferente, porquanto tudo é bom,
seja o que fôr, contanto que mate a fome, pois quando há fome
não há pão ruim, nem vale a pena procurar só acepipes. É o
espírito que pede sempre variedade no gosto e no aroma dos
manjares e, pafã assTmTo^^ èlcfgir^2jêm_JIê]Tãzões que não pode¬
mos^ explicar neste" momento. \
24

E quando o paladar se torna indiferente e acha iguais to¬dos os sabores, não resta a menor dúvida que tal espirito está verdadeiramente embotado. Quanto mais elevada é a espi-ritualização de qualquer pessoa, mãís""sê""3épúrâ também o seu paladar.
Mediante o sentido físico do gosto, é o espírito quem recebe o maior prazer, oriundo de um bom e delicado alimento. O espírito que viver e gozar cm cada uma das expressões da nossa vida física e uma dessas principais expressões é justa¬mente o gosto, o paladar.
Se, por falta de um uso apropriado, qualquer destas mani¬festações vitais fica fechada ou morta, não há a menor dúvida que a nós próprios privamos do prazer que nos devia propor¬cionar, resultando-nos disso também um gravíssimo dano. Não deve, todavia, confundir-se isto com a gula. O glutão propria¬mente dito não come nem saboreia o alimento, — devora. JO f omer bem consiste em deter-se a cada bocado, e quanto mais se possa prolongar o tempo destinado ao alimento, mais e me¬lhor se converterá êle num meio de adquirir vida forte e salu¬tar para o espírito. Na verdade, o glutão pouquíssimo proveito tira da sua copiosa alimentação; é como se na fornalha de uma máquina se lançasse de uma só vez exagerada porção de com¬bustível, o qual produz força que é totalmente perdida e até prejudicial, às vezes, para o bom andamento do motor.
Meia dúzia de bocados nutritivos, comidos em paz, satisfa¬ção e sossego, bem mastigados e saboreados com verdadeira delícia, hão de sempre produzir-nos maior benefício do que enor¬me quantidade de alimentos, mal mastigados, comidos com gran¬de precipitação, sem prazer, mesmo quase sem lhes sentir o gosto.
Quando comemos, ingerimos com a nossa_ alimentação ele¬mentos positivos e reais de saúde, de força e de tranqüilidade mental. E quanto mais profundamente em nós se radicar o hábito de comer desta maneira, mais aumentará e se fortalecerá o poder, para atrair-nos cada vez mais tão desejáveis elemen¬tos.
Devemos, pois, também procurar fazer com que se sen¬tem à mesa, à hora das refeições, somente pessoas cuja com¬panhia nos seja agradável e não estejam cheias de impaciência, tristeza ou inquietação; nem tenham por costume estar contí¬nua e aflitamente pensando em seus negócios, cuja conversação amena e interessante distraia ou instrua, e não guardem em
25

seus corações nem vislumbres sequer de rancor, má vontade, inveja ou zombaria para com os outros. Teremos procurado, desta forma, o mais valioso auxílio mental para que a nossa alimentação se transforme no maior benefício para o corpo e o espírito. Todos os convivas reunidos neste modo con¬centrarão todos os seus esforços, mesmo inconscientemente, para se atrair uma corrente mental de uma força imensa que será tanto maior, quanto maior fôr também o número de convivas que, em idêntico estado mental, ali estiverem reunidos.
Uma refeição tomada nestas boas disposições mentais, no gozo de uma alegria plácida e calma, uma suave tranqüilidade, sem a menor coisa que nos incomode o corpo ou o espírito, em¬bora tal refeição dure uma hora, é uma hora de proveitoso des¬canso que a nós próprios proporcionamos, e, enquanto repousa¬mos é que adquirimos maior quantidade de energias. Além de que, enquanto comemos, se o fizermos nas condições exigidas, é possível que o nosso espírito atue sobre outros espíritos muito distantes, talvez, do nosso corpo físico e a sua ação pode ser eficaz ou ainda mais do que em quaisquer outras ocasiões. De forma que nenhum tempo perdemos enquanto estamos entre¬gues ao prazer da mesa e daí vem, talvez, o dito dos antigos: "Â mesa ninguém se faz velho", mas é neste estado mental de bem-estar, alegre e calmo convívio que obtemos novas forças.
Nunca é perdido todo o tempo gasto em qualquer prazer, se gozarmos dele de um modo são, digna e retamente.
A "3S3JEJt05Èt?05fôj5o; quejr_mental, jjuer puramente físico, há de produzir-nos certamente algum prazer. Esse estado intei¬ramente especial de plácido e alegre bem-estar em que, por ve¬zes, nos sentimos, seja produzido pelo comer, dormir ou passear, ou ainda por quaisquer outros dos nossos esforços físicos coti¬dianos, torna-nos bons, joviais e é a melhor prova de que usamos da vida retamente. Nem antes, nem enquanto estamos comen¬do, nos devemos preocupar muito com a idéia de que este ou aquele alimento' pode ser-nos útil ou nocivo, ou nos assentará ou não no estômago, nem é conveniente também pensar em tais ocasiões: "Creio que isto ou aquilo me fará mal, e receio até ter de pagar caro depois que tiver comido ou bebido."
Procedendo desta forma, só determinaremos as condições adequadas para que tal suceda, pois que, assim como imaginar¬mos mentalmente o nosso estômago, taí esse será, por fim.
Em lugar disso, digamos e pensemos, quando nos sentarmos à mesa para comer:

Creio ou estou certo que tudo quanto eu comer me há de f fazer boa digestão, aproveitar e nutrir o meu organismo e au¬mentar as minhas fàrças.
As idéias prazenteiras e benéficas de que neste instante ai minha mente está repleta, começam a formar parte do meu próprio corpo com todo o bocado que ingiro e quanto mais tem-\ po eu prolongar a refeição e com maior calma e tranqüilidade) a fizer, maior será também a quantidade de alegria e de forçai, que hão de penetrar em mim.
Estou comendo para glorificar a Deus — o Poder Supremo,
do qual sou também uma parte, mínima embora. ;
Estas palavras formuladas, ou pensadas apenas, constituem
a melhOT jlajs jjraços jjue je_Pç>ssa render a D^ji^n^momento de
nos sentarmos à mesa.
fieppis. devemos pedir a necessária capacidade para_esque-cer o que nos caiu^o estômago. Não convém pensar nele, nem ejiquanto comemos, nem durante o período da digestão.
O nosso alimento deve ser como o das aves que somente sabem que acharão o seu sustento onde a natureza lhes diz que hão de encontrá-lo e, depois de o saborearem, não se recordam mais dele nem se preocupam com processos ulteriores que, por¬ventura, se possam efetuar.
Se pensardes contínua e fixamente em qualquer doença de estômago, com toda a certeza vireis a sofrer dela por fim, pois que aquilo em que persistentemente pensamos, virá a realizar-se certamente um dia, mais cedo ou mais tarde, no mundo mate¬rial.
Que devemos comer? Com toda sinceridade, vos digo: — Cpmamos muito simplesmente tudo quanto nos agradar e der algum prazer.
Deu-nos a natureza o sentido do paladar como uma senti-nela de atalaia para guardar o estômago. Se' algum alimento nos repugna, não o comamos.
O comer à força seja o que fôr, quando o paladar pouco prazer sente nisso, comer quase pela obrigação de cumprir uma espécie de dever, mais do que por sentir verdadeira necessi¬dade e desejo de fazê-lo, pouco ou nenhum benefício nos cau¬sará. Comer qualquer coisa que o nosso paladar recebe indife¬rentemente ou lhe é desagradável, é apenas obrigar o corpo e o espírito a ingerir aquilo de que nenhuma necessidade têm.



26

21

Q^CQipjo.. .c_Q_espíritp tiram algum benefício dos alimentos ingeridos quando_ a mente _tem_ certa fé em que eles nos serão úteis_ c proveitosos.
Ora, se neste estado mental experimentarmos comer algu¬mas substâncias que costumam fazer-nos mal, acharemos, ao cabo de algum tempo, que os efeitos nocivos deixaram de pro¬duzir resultado no nosso organismo. É provável que isso se não consiga imediatamente, porquanto não há ninguém que, se du-rante um largo período de anos, estiver na convicção de que êstc ou aquele alimento lhe fazia mal, acredite, de um momento para outro, piamente, que essa substância deixou absolutamen¬te de lhe ser prejudicial.
As carnes e os vegetais mais frescos são sempre os melho-' res, porque contêm maior quantidade de forças. Comendo deles sensatamente, e na devida proporção, como a mente aconse¬lha, com conta, peso, medida e nas horas convenientes, é quan¬do a força que eles encerram, ou antes, o seu espírito próprio, contribuirá para revigorar e robustecer nosso espírito.
O que neles permanece depois de salmoura, defumação ou qualquer outro processo dos habitualmente empregados para os conservar, são unicamente os seus elementos propriamente ter¬renos. As suas energias vitais mais puras e ativas desaparecem. Para os vegetais não há operação alguma de conserva que lhes conserve realmente os princípios vitais tidos no momento de serem colhidos ou arrancados.
Se, altas horas da noite, alguém se sentir com grande von¬tade de comer antes de se deitar, pode fazê-lo sem receio, con¬tanto que seja com certa moderação.
Se formos dormir sem comer quando o corpo desejava re¬ceber alimento, o mais provável é que o espírito, cheio de ape¬tite que não foi satisfeito, parta para algum lugar onde se pa¬deça fome, enquanto o corpo se acha num estado de perfeita inconsciência e, desta forma, não poderá trazer-nos já os ele¬mentos mentais de força e vigorosa saúde que nos teria comu¬nicado, sem dúvida, se tivesse deixado o corpo saciado.
Certamente foi ensinado a muitos dos meus leitores e assim o acreditaram durante muitos anos, que o comer e ir deitar-se imediatamente é muito prejudicial à saúde, e como toda idéia ou pensamento chega a converter-se em uma parte de nós mes¬mos, é evidente que esta errônea crença terá sido para todos eles causa de grandes danos,, muitos dissabores e até graves indisposições.

Os animais, que os homens denominam irracionais, comem e adormecem logo em seguida, c a sua digestão faz-se tão per¬feita, completa e tranqüila, não só quando dormem como quan¬do estão acordados. Ora, se procedêssemos de igual modo, só daríamos à natureza o que realmente é propriedade sua e lhe
pertence.
Na Inglaterra existem milhares de pessoas que tomam a sua última refeição às nove ou dez horas da noite, indo deitar-se quase em seguida, e todavia, o termo médio do bom estado de saúde dos ingleses é, pelo menos, tão bom como o nosso ou me¬lhor talvez.
Se um alimento qualquer não se deu bem no estômago um
dia, não é razão para afirmar que suceda sempre o mesmo.
O" nosso verdadeiro Eu é apenas um conjunto de crenças c
opiniões de que resultam, por fim, os nossos próprios costumes.
O nosso estômago pode digerir melhor ou pior, de acordo
com algumas crenças que, por acaso, tenhamos mantido dentro
em nós, durante muitos anos, inconscientemente, com relação
às suas funções especiais, as quais certamente nunca tentamos
combater.
É possível abrigarmos, talvez, a convicção de que este ou aquele alimento nos deve fazer mal, se o comemos nesta ou na¬quela ocasião. Pois bem, a força gerada por esta idéia, man¬tida em nós por um período de tempo tão longo, é que faz, e
não outra coisa qualquer, com que esse alimento faça mal. ,Se
conseguirmos destruir esse erro mental, irá a verdade progre¬dindo e percorrendo todo o seu trajeto, recobrando então, pouco a pouco, o nosso estômago, toda a sua fôrça_meÍhorando o pro¬cesso digestivo e deixando, portanto, de ser molestado por uma série de vãos caprichos que nós próprios havíamos alimentado durante largo espaço de tempo.
Se sentirmos desejo de comer carne, comamo-la. Negando ao corpo o que êle nos pede, causamos-lhe grave dano. Na verdade, a carne é um alimento muito mais grosseiro e ruim do que qualquer outro, mas também o corpo é uma coisa muito baixa e grosseira, se o compararmos com o espírito.
É natural que qcojrporjecji para seu sustento aquilg__guc mais se aproxima da sua natureza_ terrena. Tanto comendo car¬ne como alimentando-nos só de frutos e outros vegetais, nos é facultado o dom de podermos sentir sempre o desejo ardente de atrair para o espírito todos os elementos melhores e mais puros. Comendo com este desejo na mente, convertemos a car-
29

28

ne em excelente meio para a atração dos elementos espirituais mais elevados. De igual modo, comendo só pão do mais puro ou saborosíssimos aromáticos morangos, se, no momento de comê-los, o nosso estado mental fôr de ódio, inveja, ciúme ou de profunda mágoa e inquietação, atrairemos correntes mentais da pior espécie, enchendo o nosso corpo e espírito das paixões mais grosseiras e baixas.
A'Tls^ir'nMT^ç3õ"^õ'"'cof£o ou_o fato de transformar o cor-ço num instrumento dócil as instígações do espírito é capaz de exteriorizar os seus^ maravilhosas dons ou potências, e não pro¬vem verdadeiramente" cfè processos puramente mecânicos, nem de métodos severamente rigorosos e inflexíveis. Provém mais do desejo_jbrmal _e positivamente expresso pelo espirito ou antes da sua santa aspiração.
A espifitualizaçâo vai nos elevando pouco a pouco, afastan-do-nos,'portanto, cada vez mais dos desejos baixos e grosseiros. É bem certo que nos permite gozar deles, quando disso há uma verdadeira necessidade, mas proíbe-nos de abusar desse gozo, qualquer que seja, pois na realidade,enquanto não dermos ao corpo a satisfação de um desejo imperioso por êle manifestado e exigido, não abolimos nem destruímos o apetite do objeto de¬sejado ansiosamente.
Se desejarmos comer carne e a comermos mentalmente, re-cusando-a ao corpo, andamos pior do que se realmente a tivés¬semos comido — pois que, satisfazendo os desejos do corpo, pro-duz-se-lhe uma quietação ao menos temporariamente, ao passo que uma recusa obstinada, uma privação absoluta da satisfação desses desejos, pode e costuma manter sempre vivo aquele ve¬emente anelo e, desta forma, o espírito está sempre comendo a carne que foi negada ao corpo, o que concentra a maior parte das nossas forças mentais na coisa proibida ou recusada, quan¬do podiam antes empregar-se em intuitos e propósitos melhores, mais úteis e proveitosos.
Os mais baixos e grosseiros apetites não ficarão, com certe¬za, subjugados, só pelo fato de uma fortíssima e imperiosa von¬tade lhes negar obstinada e tenazmente a sua satisfação. Po¬dem ser reprimidos, mas não destruídos totalmente e assim fa¬cilmente surgirão outros de novo, inesperadamente, sob uma ou outra forma.
A^pessoa Que se mostra tãq_severa.com o seu próprio corpo, com certeza o é para com os outros também, e vê sempre com maus óIKõs todos aqueles que"nãõ" aceífãm nem praticam a sua extrema "austerídâaeT

£ todavia verdade que podemos trabalhar também, de um certo modo, para a progressiva cspiritualização do corpo, pelo regime do jejum ou fazer com que o nosso Eu seja mais sen¬sível à espiritualidade que nos rodeia. Podemos chegar a sentir com mais agudeza uma das mentalidades que nos rodeiam. Mas será necessário lembrar que, para isso, temos de permane¬cer com o nosso espírito aberto, tanto para receber as boas in¬fluências, como as más, e, como o mal nas suas variadíssimas formas está em grande superioridade ao bem, eis a razão por que, se mediante a abstinência de alimento debilitamos excessi¬vamente o corpo, encontramos em nós mesmos disposição posi¬tiva para resistir aos maus pensamentos e arremessá-los para bem longe de nós.
Há, na carne, um elemento positivo tão duro, pesado e in¬flexível como uma barra de ferro. Este elemento é o espírito da atrocidade, torpeza e ferocidade dos animais selvagens e car¬nívoros e, ao engolir a carne, absorvemos também maior ou me¬nor quantidade de tal espírito. Temos, porém, recursos para suavizar esta qualidade grosseira; é purificá-la um pouco até chegar a convertê-la em um elemento útil para o corpo e o es¬pírito. Visto não termos outro remédio senão viver neste mun¬do e com a gente que o habita, não podemos, pois, neste plano da existência, isolar-nos de todo, dentro em nós próprios, ou viver num mundo inteiramente à parte; nem desta maneira al¬cançaríamos nunca a verdadeira felicidade.
0 que nos convém precisamente e o que devemos na ver- .
dade fazer é viver com os outros, tomando do mundo o melhor "■
que êle tiver e dando-lhe, em compensação, o melhor que nós i
tivermos também. .'
Assim, nq_nossa trato....com^ a. ^sociedade, necessitamos pos¬suir certa quantidade de elementos positivos que ela própria nos dá e que absorveremos dos organismos animais que nos ro¬deiam. E devemos, além disso,_Jer também sempre presente ao espírito que necessitamos desses elementos positivos para a mais sólida afirmação dos nossos próprios direitos, e precisamos de¬les justamente para podermos manter-nos em estado positivo e £vitar a absorção dos errôneos pensamentos alheios.
Não devemos, certamente, ser nem pusilânimes, nem torpes, nem brutais, mas o nosso espírito pode suavizar um tanto os baixos pensamentos que a nossa carne contém, convertendo a ferocidade e a violência numa sensata decisão e num prudente arrojo; nestas condições os princípios encerrados na carne po-



30

?/

v^-^m^iimM

dem ser muitíssimo proveitosos para alcançar estas ótimas qua¬lidades.
É evidente que os homens vindouros deixarão de ser carní¬voros, tornando-se mais vegetarianos e frugívoros, porquanto gradualmente irão aumentando neles os elementos espirituais, de forma a não terem necessidade do emprego da carne, nem o desejo de comê-la se lhes fará sentir. É uma crueldade enorme e uma grande injustiça tirar a vida dos animais para nosso gozo. Mas a injustiça atualmente é, de algum modo, uma necessidade.
O" hôSSò espirito é o produto de um processo ascendente desde o ínfimo grau gté a.o_ mais elevado. Nos tempos reme tíssirríos da Antigüidade, estava o nosso espírito alojado em co pos toscos, porque êle era ainda mais grosseiro e ruim do qi hoje é. Nas idades futuras, o nosso espírito e o nosso corj serão muito mais puros e perfeitos do que atualmente, de moi que a matéria ou a substância tosca que em um outro plano o existência é necessária, deixa de o ser em um estado ou plano superior.
A 'Aspiração ér que finalmente libertará o corpo de todos os apetites excessivamente grosseiros e os desejos desordenados se¬rão dele expulsos completamente para sempre, e já não terá mais TenTaçõês-õ)Hõ""as ""tivera ~êm^ outros tempos, porque a ten¬tação terá perdido sobre o corpo todo o seu poder e prestígio. .À medida que o nosso ^spírito se purifique, purificar-se-ão tam¬bém os nossos gostos físicos.
Por este andar, cada vez empregaremos maior cuidado na escolha dos nossos alimentos, c demorando-nos mais na opera¬ção de os ingerir, faremos com a maior tranqüilidade cada re¬feição, o que por si só constituirá uma enorme barreira para toda espécie de excessos.
Mas, com essa martirização do corpo, negando-lhe, pela nos¬sa vontade despótica, tudo o que mais anela com essa negação rigorosa e tenaz em satisfazer-lhe os desejos, com certeza não nos colocamos sob os auspícios e a dependência do Poder Su¬premo, antes é um cabal indício da falta de fé nesse saber. É um empenho inútil e vão crer que podemos, de nosso moto pró¬prio, purificar e elevar a nossa existência, — o que dependef única e exclusivamente, do Poder Supremo.
4qnêlp que a, gi próprio se abandona e põe toda a sua fé e confiança no Espírito Eterno para que êst^0. torne superior a todaclasse __de_ apetites.. b_aixos_. e_ .desj;e£ríâp_s_. _3esejõ¥, será, 'de dia para dia,_ cada.vez mais yirtuos^o_e_calmp por índole.

Pelo contrário, o que tentasse arrancar do seu corpo as raí¬zes de um vício qualquer, por meios meramente externos e físi¬cos, apenas conseguiria uma virtude simulada e aparente e, em¬bora o tenha reprimido violentamente com toda a força de sua potente vontade, sem cessar, ver-se-á consumido por êle.
Pravàvelmente ocorre, agora, a algum dos meus leitores esta idéia: "Mas, lendo isto, pode alguém servir-se destas teorias pa¬ra desculpar toda espécie de excessos?"
Em primeiro lugar, não devemos nunca investigar ou adivi-
íhar o que os outros podem fazer ou pensar, .^nqssa, primeira
onsideração ou reflexão deve ser feita com relação a nós pró-
rios. Todos solícitos e açodadameritê, procurámosnotar e cor-"
?ir os defeitos do próximo, estando nós próprios carregados de
cios e cometendo continuamente muitos pecados que estão bra-
indo por uma grande reforma e que nos causam grande dor,
;rejudicando-nos atrozmente, enquanto não pensarmos em nos
purificar.
Não cairemos novamente^mjienhuma espécie de excesso, quando a mente se tiver elevado muito acima dêies, porque a pu¬rificação do espírito é que purifica o_.çorpp ejiunca q_çorjpq pode corrigir o espírito.
Com certeza, não havemos de corrigir-nos ou antes refor¬mar-nos, espiritual e fisicamente, somente pelo fato de escolher¬mos uma alimentação especial, dirigida com regras e comida sensatamente.
A nossa marcha ascendente para toda espécie de simétricas perfeições não pode realmente ser o resultado de uma transfor¬mação em uma certa ordem de coisas unicamente, em um único aspecto da nossa existência total.
Oindivíduo verdadeiramente superior ir-se-á formando ^cres¬cendo à semelhança de uma floFperfeita: formando-se e crescen¬do ao.mesmo tempo e proporcionalmente, cadaüma das folhas e jiétalas, isto é, o seu corpo e a sua alma^.

Um comentário:

Rafael Vida disse...

Oie...olá! Boa noite!Agradeço pela matéria q é importantíssima, afinal sem saber disso não podemos viver né!?Mas em alguns pontos não concordo, como no que diz q se " deixar de comer algo que proporciona prazer faria mal ao esíríto interior ", tem gente q é vegetariano há muitos anos, e q teve q superar o desejo de comer carne( q acaba provocando dependência em nós, já q porduz uma substância química q dá esse efeito, li isto em um outro site de Conspiração). Devemos pesquisar melhor e se isso tudo de Conspiração for verdade, q estejamos preparados para a Guerra!