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sábado, 24 de julho de 2010

Condições para o Bem-Estar

Fonte: Osho, Corpo e mente em equilíbrio, Editora Sextante, 2008.

Condições para o Bem-Estar

Ouça o seu corpo. O corpo não é seu inimigo e, quando ele disser algo, aja de acordo com isso, porque ele tem sua própria sabedoria. Não o perturbe, não se deixe levar pela sua cabeça. Eu não ensino regras rígidas, apenas tento aumentar sua consciência. Ouça o seu corpo.

O corpo é seu amigo. Ouça a sua linguagem, decodifique-a e, pouco a pouco, à medida que você se aprofundar no livro do seu corpo e virar as suas páginas, você começará a perceber todo o mistério da vida. Ampliado milhões de vezes, está no mundo todo. Condensado numa pequena fórmula, contudo, ele está presente no seu corpo.

Faça contato com o corpo

Você não está em contato com muitas coisas no seu corpo, só o que você está carregando. Contato significa uma profunda sensibilidade. Você talvez nem sinta seu corpo ou apenas o sinta quando você está doente. Se existe uma dor de cabeça, então você percebe a sua cabeça. Se uma perna doi, é possível notá-la. Só se está consciente quando alguma coisa vai mal.

Se tudo está bom, você permanece inconsciente e, na verdade, esse é o momento em que é possível fazer contato - quando tudo está bem -, porque, quando algo vai mal, o contato é feito apenas com a doença, com aquilo que vai mal, e o bem-estar desaparece. Você está se sentindo bem agora, mas, de repente, sua cabeça começa a doer e você faz contato. O contato não é feito com a cabeça e sim com a dor de cabeça. O contato com a cabeça só é possível quando ela não está com dor e está cheia de bem-estar. Mas quase perdemos esta capacidade. Não fazemos contato quando estamos bem. O nosso contato, portanto, é só uma medida de emergência. Surge a dor de cabeça - é preciso tomar um remédio, algo tem de er feito, por isso você se conecta e toma uma providência.

Tente fazer contato com o seu corpo quando tudo estiver bem. Deite-se na grama, feche os olhos e perceba a sensação que vai por dentro, o bem-estar que está borbulhando. Deite-se em um riacho, com a água tocando seu corpo e todas as células se refrescando. Sinta, por dentro, o frescor invadindo célula por célula, penetrando fundo no seu corpo.

Sente-se ao sol. Deixe que os raios penetrem através da sua pele. Sinta o calor à medida que ele invade o seu corpo, penetrando cada vez mais fundo, como se tocasse suas células sanguíneas e chegasse até os ossos. O sol é vida, é a própria fonte. Então, com os olhos fechados, sinta o que está acontecendo. Fique alerta, observe e aproveite. Pouco a pouco, você irá tomando consciência de uma harmonia muito sutil, uma bela música que toca continuamente dentro de si. Então você terá feito contato com o corpo - do contrário, você está carregando um corpo morto.

Na Rússia, pesquisas foram realizadas durante décadas e os cientistas chegaram a muitas conclusões. Um dos resultados mais relevantes é o de que, sempre que ocorre uma doença, o corpo passa os seis meses que a antecedem nos enviando sinais de que isso ocorrerá. Seis meses é um tempo bem longo! Uma doença vai surgir no ano que vem; no meio deste ano, o corpo já começa a mandar sinais - mas você não ouve, não entende, não sabe. Só se dá conta da doença quando ela já apareceu, ou nem mesmo percebe quando isso acontece - é um médico que descobre primeiro que existe algo errado.

Uma pessoa que pesquisou por vários anos criou filmes e câmeras capazes de detectar uma doença antes que ela realmente se manifeste fisicamente. Ela diz que o paciente pode ser tratado sem que sequer saiba que está doente. Se um câncer irromperá no ano que vem, ele pode ser tratado a partir de já. Não existem indicações físicas, mas começam a ocorrer mudanças na eletriciadade do corpo. Primeiro ocorrerão mudanças na bioenergia, depois essas mudanças atingirão o físico. Se a camada bioenergética for tratada, o corpo físico não chegará a ser atingido.

Graças a essa pesquisa, será possível, no futuro, evitar que as pessoas fiquem doentes e não haverá mais necessidade de hospitais. A doença poderá ser tratada antes que atinja o corpo.

Talvez você tenha ouvido muitas histórias sobre sannyasins hindus, bhikkus budistas e monges zen que anunciam a própria morte com antecedência. E talvez fique surpreso ao saber que isso sempre ocorre seis meses antes da morte - nunca antes, são sempre seis meses. Isso não é acidental, há um sentido para esses seis meses. Antes que o corpo físico morra, a bioenergia começa a diminuir e alguém que está em profundo contato com sua energia percebe isso. Vida significa expansão, morte significa retração. Essa pessoa sente que a energia vital está se retirando e, então, anuncia que irá morrer em seis meses. Os monges zen são conhecidos pelo fato de até escolherem o modo como morrerão - porque eles sabem.

Antes de mais nada, então, torne-se cada vez mais sensível com relação a seu corpo. Ouça o que ele diz - você fica tão concentrado na cabeça que nunca ouve o que o corpo diz. Quando existe um conflito entre mente e corpo, na maioria das vezes o corpo estará mais correto do que a mente porque o corpo é natural, enquanto que a mente é social (portanto, sujeita às distorções sociais). O corpo pertence a esta vasta natureza, e a mente, à sociedade, à época em que vivemos. O corpo tem raízes profundas na existência, enquanto a mente é só uma ondulação na superfície. Mas você sempre ouve a mente e nunca o corpo - esse longo contato habitual se perdeu.

Você tem um coração e o coração é a raiz, mas você não faz contato. Comece a se conectar com o corpo e logo você perceberá que ele vibra em torno do centro do coração, assim como todo o sistema solar gira em torno do Sol. Os hindus chamam o coração de sol do corpo. O corpo inteiro é um sistema solar que gira em torno do coração. Você passou a ter vida quando o coração começou a bater e morrerá quando ele parar. O coração continua sendo o centro solar do seu corpo. Fique atento a ele. Contudo, você só vai ficar atento a ele se, gradativamente, você passar a observar o seu corpo inteiro.

Seja verdadeiro consigo mesmo

Lembre-se sempre de ser verdadeiro consigo mesmo. Para isso, é preciso estar atento a três coisas. Primeiro, nunca ouça alguém que diga o que você tem de ser. Ouça sempre a sua voz interior, o que você gostaria de ser. Do contrário, toda a sua vida será desperdiçada.

Há milhares de tentações à sua volta, porque existem muitas pessoas vendendo coisas por aí. Os supermercados, o mundo, as pessoas, todos estão interessados em lhe vender algo. Todo mundo é um vendedor e, se você ouvir vendedores demais, você ficará louco. Não ouça ninguém, simplesmente feche os olhos e ouça a sua voz interior. É disso que trata a meditação: ouvir a sua voz interior.

A segunda coisa - que só é possível se você já tiver feito a primeira - é nunca usar uma máscara. Se você está zangado, fique zangado. É arriscado, mas não sorria, pois isso não será verdadeiro. Você aprendeu a sorrir quando está zangado, então o sorriso fica falso, vira uma máscara. É só um exercício com os lábios, nada mais. O coração está cheio de fúria, de veneno, e os lábios sorriem - você se tornou falso.

Outra coisa também acontecerá: quando você quiser sorrir, não conseguirá. Todo o seu macanismo está revirado, pois quando você quis ficar com raiva não pôde. Agora você quer amar, mas, de repente, descobre que o seu sistema não funciona. Quer sorrir, mas tem de forçar o sorriso. Seu coração está pleno de sorrisos e você quer rir alto, mas não consegue, algo fica reprimido no coração, engasgado na garganta. O sorriso não vem ou, se vem, é pálido e apagado. Não o deixa feliz. Você não se empolga com ele. Não há luminosidade à sua volta.

Quando quiser ficar com raiva, fique. Não há nada de errado em ficar com raiva. Quando quiser rir, ria. O que há de errado em rir alto? Pouco a pouco, você verá que todo o seu organismo está funcionando. Dá para notar: sempre que o mecanismo de uma pessoa está funcionando bem, dá para ouvir um zumbido em torno dela. Ela caminha, mas o passo é como uma dança. Fala, mas suas palavras têm uma poesia sutil. Quando olha para alguém, de fato olha: não é indiferente, é calorosa. Quando toca, ela realmente o faz - você pode sentir a energia entrando em seu corpo, uma corrente de vida sendo transferida... Seu mecanismo está funcionando bem.

Não use máscaras. Se fizer isso, criará disfunções e bloqueios em seus sistemas. Existem muitos bloqueios no seu corpo. A pessoa que costuma reprimir a raiva tem os maxilares travados. Toda a raiva vai para os maxilares e fica estagnada ali. As mãos ficam feias. Não têm os movimentos graciosos de um dançarino porque a raiva vai para os dedos e fica ali, bloqueada.

Lembre-se, a raiva tem duas fontes. Uma são os dentes, a outra são os dedos, pois todos os animais, quando estão zangados, vão mordê-lo com os dentes ou arranhá-lo com as garras. Portanto, as unhas e os dentes são os dois pontos por onde a raiva é extravasada. Eu tenho a suspeita de que, sempre que a raiva é muito reprimida, as pessoas tem problemas nos dentes. Os dentes estragam porque muita energia se acumula ali sem ser liberada. E qualquer um que reprime a raiva comerá mais - as pessoas com raiva sempre comem mais porque os dentes precisam ser movimentados. As pessoas com raiva fumarão mais. Falarão mais: podem virar tagarelas obsessivas porque, de algum modo, os maxilares precisam se mover para que um pouco de energia seja extravasada. E as mãos das pessoas com raiva ficarão nodosas, feias. Se a energia tivesse sido liberada, as mãos poderiam ser belas. Se você reprime alguma coisa, existe uma parte do corpo que corresponde a essa emoção. Se não quer chorar, seus olhos perderão o brilho, pois as lágrimas são necessárias. Se você chora de vez em quando, e as lágrimas começam a fluir, seus olhos ficam mais limpos, renovados, jovens, virgens.

Lembre-se de que, se você não consegue chorar de verdade, também não consegue rir, pois essa é a outra polaridade. As pessoas que conseguem chorar também conseguem rir. E talvez você já tenha visto isso em crianças: se riem muito e por muito tempo, depois começam a chorar, porque as duas coisas estão ligadas. Os dois fenômenos não são diferentes, é a mesma energia indo para pólos opostos.

Portanto, não use máscaras - seja verdadeiro, custe o que custar.

A terceira coisa diz respeito à autenticidade: fique sempre no presente, porque toda falsidade vem do passado ou do futuro. O que passou passou - não se preocupe mais com isso. E não carregue o passado como um fardo; do contrário, isso não deixará que você seja autêntico no presente ("Enterre os mortos"; os "mortos" são os acontecimentos passados...). Além disso, tudo o que ainda não aconteceu de fato não aconteceu - não fique se preocupando à toa com o futuro, senão isso interferirá no presente e o estragará ("Não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois...). Seja verdadeiro no presente e você será autêntico. Estar aqui e agora é ser autêntico.

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