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quinta-feira, 29 de julho de 2010

O Debate da AIDS

O Debate da AIDS

A História Mais Controvertida Que Você Já Ouviu
Por Liam Scheff
Traduzido por Célio Knipel Moreira

Reprinted from the Boston Dig, May 7, 2003

http://www.weeklydig.com/dig/content/3168.aspx


Prólogo



Em 1984, o virólogo de câncer do governo americano, Robert Gallo, convocou uma conferência internacional de imprensa para anunciar que descobrira a provável causa da AIDS. Sustentava ele que um retrovírus chamado HIV estava destruindo os sistemas imunológicos de homens homossexuais e de contumazes usuários de drogas, deixando-os expostos a uma diversidade de doenças virais e ao câncer.



De acordo com os Centros para Controle e Prevenção de Doenças, a AIDS não é uma única doença, mas, antes, uma categoria de 29 doenças desconexas e anteriormente conhecidas, incluindo herpes, infecções de levedura, salmonela, diarréia, febre, influenza, TB, câncer pélvico feminino, pneumonia e infecções bacterianas. O CDC também designa as pessoas, cujos testes são positivos em relação ao HIV e que não estão doentes, mas possuem uma contagem de células T abaixo de 200, como pacientes de AIDS (as células T são um subconjunto dos glóbulos brancos do sangue). A única coisa que separa um diagnóstico de AIDS de quaisquer destas doenças é um teste positivo para o HIV, o qual está baseado na pesquisa de Robert Gallo.



Porém, a teoria do HIV de Gallo não era a única teoria sobre a AIDS, e, de acordo com um número cada vez maior de cientistas envolvidos, investigadores e ativistas, não era a melhor. Durante 70 anos antes de Gallo, os retrovírus eram conhecidos como uma parte não tóxica da célula, e nenhum único vírus poderia causar simultaneamente uma doença viral como a pneumonia, na qual as células são destruídas, e um câncer como o Sarcoma de Kaposi, no qual as células se multiplicam rapidamente.



Tais cientistas argumentam que a teoria unificada do HIV/AIDS criada por Gallo é falha e que o tratamento de 29 doenças desconexas com as drogas extremamente tóxicas para a AIDS, como o AZT e os inibidores da protease é, na melhor das hipóteses, irresponsável, e na pior, um genocídio médico.



Eles podem ter um ponto a favor. 94% de todas as mortes relacionadas à AIDS nos EUA ocorreu após a introdução do AZT, de acordo com as estatísticas do CDC durante o ano 2000. E de acordo com a Universidade de Pittsburgh, a primeira causa de morte nos pacientes de AIDS dos Estados Unidos é atualmente a deficiência hepática, um efeito colateral dos novos inibidores da protease.



As questões se colocam: Gallo resolveu de fato o problema da AIDS, e nós a estamos tratando de forma humana e eficaz?



Para responder a estas perguntas, conversei com três importantes pesquisadores da AIDS.



O Dr. Peter Duesberg é um químico e um especialista em retrovívrus. Duesberg descobriu o Oncogene (o gene do câncer) e isolou o genoma do retrovírus (do qual o HIV é um) em 1970. Ele é professor universitário de biologia molecular na Universidade de Colúmbia, em Berkeley.



O Dr. David Rasnick é um especialista em protease e pesquisador da AIDS há 20 anos. Ele e Duesberg trabalham em colaboração na pesquisa sobre câncer e sobre a AIDS. Rasnick foi orientador do painel sobre a AIDS, na África do Sul, organizado pelo Presidente Mbeki.



O Dr. Rodney Richards é um químico que trabalhou com os laboratórios Amgen e Abbot, projetando os primeiros testes de HIV para a linha de célula do HIV de Robert Gallo.



As entrevistas foram realizadas separadamente e integradas num diálogo. Pontos de vista individuais pertencem a interlocutores individuais.



Como você se envolveu na pesquisa da AIDS?



Rasnick: sou químico e pesquisador de enzimas de protease. Projeto e sintetizo inibidores para imobilizar os vírus destruidores de tecidos e os cânceres. Quando Robert Gallo anunciou que o HIV causava a AIDS, eu quis trabalhar em inibidores que o imobilizassem.



Em 1985 fui a um encontro de pesquisa em que o HIV estava sendo discutido. Um especialista em AIDS foi perguntado sobre a quantidade de HIV presente em um paciente infectado com AIDS. Ele foi interrogado: “qual é a concentração de HIV”?



A concentração é o número de partículas infecciosas de um vírus numa amostra de sangue ou de tecido. Uma concentração de vírus vivo é facilmente obtido a partir do tecido que o vírus infecta. Se você tiver herpes, a amostra vem de uma úlcera fria; se for pólio, vem do intestino; se for varíola, de uma pústula; se for resfriado, da garganta.



Quando você estiver infectado com um vírus, ele infecta e mata cerca de 30% do tecido específico que ataca, antes que você apresente algum sintoma. Você pode obter a concentração de qualquer área infectada colocando-a sob um microscópio e vendo milhões de vírus vivos.



Assim, o virologista foi perguntado, “qual é a concentração”?



E ele respondeu, “Imperceptível. Zero.”



Eu pensei, como isto é possível? Como você pode se tornar doente de algo que não existe? Com a pólio, os pesquisadores jogaram fora uma centena de vírus antes de encontrarem o correto. Supus que Gallo simplesmente pegou o vírus errado, e que precisaríamos recomeçar.



Em 1987, os casos de AIDS atingiam 30.000. Os números não estavam crescendo como previsto; e a AIDS não tinha abandonado seus grupos de risco originais. Seis anos após os primeiros casos de AIDS, 95% das infecções ainda ocorriam exclusivamente em homens – 2/3 deles, homossexuais, e 1/3, usuários contumazes de drogas intravenosas. Além disso, cada grupo de risco da AIDS apresentava doenças diferentes.



Vírus não causam doenças diferentes de acordo com o gênero, a preferência sexual, ou o estilo de vida. Os vírus têm estruturas genéticas típicas e limitadas, as quais resultam num limitado, porém idêntico conjunto de sintomas em todos os pacientes. O vírus de herpes produzem lesões de herpes, mas nunca uma garganta dolorida. O vírus de catapora sempre produz úlceras na pele, mas nunca paralisia.



Epidemias virais espalham-se exponencialmente nos primeiros meses e anos, matando todos que não conseguem sobreviver tempo suficiente para desenvolver uma imunidade a ela. O HIV não estava crescendo; permaneceu em seus grupos de risco iniciais, e causava doenças diferentes em cada um deles. Não estava atuando claramente como um vírus contagioso.



Em 1988, deparei com um artigo escrito por Peter Duesberg na revista de ciência Cancer Research. O artigo era sobre retrovírus em geral, e, em particular, sobre o HIV. Gallo sustentava que a AIDS fosse causada por um retrovírus, o HIV. Duesberg era o retrovirologista mais importante do mundo. Ele havia estudado e mapeado o genoma retroviral nos anos 1970. O conhecimento de Duesberg sobre retrovírus era o mais avançado. No artigo, ele reexaminava ponto a ponto o que são os retrovírus, e o que eles podem ou não fazer.



O HIV é um retrovírus; e o que são retrovírus?



Rasnick: Retrovírus são um subconjunto de vírus que não são tóxicos para as células. Foram descobertos no início do século XX. Foram uma das primeiras partículas celulares identificadas. Há cerca de 3.000 retrovírus catalogados. Existem em todos os animais: cachorros, gatos, baleias, pássaros, ratos, hamsters e seres humanos. Os retrovirologistas calculam que cerca de 1 a 2% de nosso próprio DNA seja retrovírus.



Retrovírus são fibras de RNA que se autocopiam em nosso DNA utilizando uma enzima chamada transcriptase reversa. Os retrovírus são transmitidos de forma matrilinear – da mãe para a criança. Não são sexualmente transmissíveis. Animais de laboratório não trocam retrovírus uns com os outros, não importa o quanto eles se acasalem. Mas os bebês sempre têm o mesmo retrovírus de suas mães.



A pesquisa atual indica fortemente que eles sejam simplesmente parte natural de todos nós. Em 50 anos de pesquisa laboratorial moderna, nunca se demonstrou que algum retrovírus matasse células ou causasse doenças, exceto sob condições laboratoriais muito especiais.



Peter Duesberg: Em 1987 fui convidado pela Cancer Research a discutir se os retrovírus, incluindo o HIV, poderiam causar doenças ou deficiência imunológica. Fui convidado devido a minha experiência com retrovírus.



Em 1970, eu trabalhava no laboratório de vírus da UC em Berkeley. O grande programa em virologia na época, do qual éramos parte, era encontrar um vírus que causasse câncer. Também havia um grande programa governamental de vírus de câncer nos National Institutes of Health (Institutos Nacionais de Saúde). Robert Gallo era um dos cientistas que trabalhavam naquele projeto.



Começamos a olhar para os retrovírus por causa de suas qualidades peculiares. Vírus típicos matam células. Suas estratégias consistem em entrar na célula, matá-la e ir para a célula seguinte. Porém, com o câncer, as células não são mortas; de fato, elas se multiplicam muito rapidamente. Então, um vírus não poderia causar o câncer. Os retrovírus porém, não matam as células. Esta qualidade os torna um candidato excelente para serem vírus de câncer.



Em 1970, fiz uma descoberta que ganhou muita atenção. Isolei um gene de retrovírus de uma célula de câncer, e infectei outras células com este gene. Os virologistas de câncer ficaram muito excitados. Pensaram que isto poderia ser aquilo que estavam procurando – um retrovírus que pudesse infectar outras células e causar o câncer. Subitamente, tornei-me famoso. Havia ofertas de emprego; foi efetivado em Berkeley e admitido na Academia de Ciência.



Claro que, se um vírus, ou um retrovírus específico, causasse de fato o câncer, então, o câncer seria contagioso. Mas ninguém “pega” câncer. Um “caso de câncer” não sai do consultório. Entretanto, tais pensamentos fundamentais não estavam nas mentes dos caçadores de vírus. Os cientistas gostam de provas altissonantes, a despeito do que sabemos ser de fato verdadeiro. O gene do retrovírus de câncer era apenas um artigo de laboratório. Não existia em seres humanos ou em animais da natureza. Nós o criamos no laboratório, e lá ele ficou. Era algo puramente acadêmico.



Como parte da experiência do gene de câncer, meus colegas e eu mapeamos o genoma do retrovírus. Fizemos os mapas que hoje são utilizados como esquemas para todos os retrovírus, incluindo o HIV.



O que os retrovírus fazem?



Duesberg: em termos de doença, não fazem nada. Eles são transcritos no DNA em algumas células, e penduram-se nas imediações pelo resto de sua vida como parte de seu genoma. Não obstante, os caçadores de vírus de câncer continuaram a procurar um gene de câncer utilizando a tecnologia que criamos e os mapas de retrovírus que fizemos.



Rasnick: No meio dos anos 1970, Robert Gallo sustentou que ele descobrira um retrovírus de câncer nas células de um paciente de leucemia. Ele o chamou de HL23V. Ele o descobriu do mesmo modo que descobriria o HIV depois – não encontrando o retrovírus no sangue – mas procurando o anticorpo e a atividade de enzimas que ele sustentava representar o verdadeiro retrovírus.



Em 1980, sua afirmação foi refutada tanto pelo Sloan-Kettering Cancer Research como pelo National Cancer Institute. Os supostos anticorpos HL23V de Gallo não eram o resultado de um vírus de câncer, mas, antes, o resultado da “exposição a muitas substâncias naturais” que criam anticorpos nos seres humanos. Hoje ninguém, nem mesmo Gallo, sustenta que o HL23V tenha existido.



Em 1980, ele tentou novamente. Gallo sustentava ter um novo retrovírus de câncer chamado HTLV-1 que causaria um tipo de leucemia no qual as células T se multiplicassem em tumores fluidos. As células T são um dos muitos subconjuntos dos glóbulos brancos do sangue. Mais uma vez, a prova era pouco convincente. Menos de 1% das pessoas que apresentaram testes positivos em relação ao HTLV-1 desenvolveram leucemia. Foi uma confirmação do fracasso de sua teoria.



Como Gallo passou da pesquisa do câncer e para a da AIDS?



Rasnick: Em princípios dos anos 1980, homens homossexuais estavam aparecendo nos prontos-socorros com uma multiplicidade de enfermidades e infecções simultâneas. Na ocasião, revistas médicas especulavam que as doenças estavam relacionadas às drogas. Homens homossexuais vinham diariamente abusando de drogas tóxicas, imunodepressivas e, até mesmo cancerígenas como os poppers, cocaína e anfetaminas durante a maior parte dos anos 1970.



Em 1983, Luc Montagnier, um cientista francês do Instituto Pasteur, reivindicou a descoberta de um novo retrovírus em pacientes de AIDS. Mas ninguém deu atenção, porque ele não tinha isolado um vírus, e não tinha encontrado uma única partícula viral no sangue – lembre-se de que a concentração era zero, imperceptível. Buscando apoio acadêmico, Montagnier enviou uma amostra de célula para Robert Gallo no NIH. Gallo tomou a linha da célula que Montagnier lhe enviara e modificou-a ligeiramente. Então, fez algo estranho. Roubou-a.



Em 1984 Gallo convocou uma conferência internacional de imprensa e, junto com Margaret Heckler, chefe do Department of Health and Human Services, anunciou que havia descoberto a “causa” provável da AIDS. Era um novo retrovírus chamado de HTLV-III, (mais tarde, rebatizado de HIV). Depois daquele dia, patenteou a linha da célula modificada que originalmente obtivera de Montagnier. Ele não publicou uma única palavra de sua pesquisa. Gallo, um cientista apoiado pelo governo, simplesmente anunciou que uma epidemia retroviral estava a caminho.



Ele vendeu a linhagem da célula para a Abbot Labs, uma companhia farmacêutica que faz testes de HIV. O governo francês solicitou que todos os direitos de patente fossem devolvidos a Montagnier. Gallo recusou e reivindicando que todo aquele trabalho era seu. Em 1987, Gallo e Montagnier foram forçados pelo Presidente Reagan e pelo Primeiro-ministro francês Chirac a se encontrarem num quarto de hotel para entrarem num acordo sobre os direitos de patente sobre o HIV. Em 1992, Gallo foi condenado oficialmente por roubo por um comitê federal de ética científica.



Rodney Richards: no princípio Gallo reivindicava ter inventado todo o processo. Agora ele sustenta que sua amostra poderia ter sido “contaminada” pela de Montagnier.



Duesberg: O próprio NIH realizou uma investigação de dois anos sobre o HIV reivindicado por Gallo, e não conseguiram obter nenhuma evidência convincente de que ele a tivesse obtido por si mesmo.



O que fez a Abbot com a linhagem da célula de Gallo?



Rasnick: Dela, a Abbot faz testes de anticorpos para o HIV. A Abbot conseguiu bilhões vendendo testes de HIV, e Gallo, milhões por meio de sua patente.



Assim, quando fazemos um teste de anticorpos de HIV, somos testados com base naquilo que Gallo e Montagnier sustentam ter descoberto. Como Luc Montagnier descobriu o HIV?



Richards: Primeiro ele olhou no sangue de seus pacientes, mas não conseguiu encontrá-lo lá. De fato, ninguém nunca encontrou o HIV no sangue humano.



Certo, a concentração era zero – então, onde ele olhou?



Richards: Montagnier tomou o tecido de um nodo linfático de um homossexual masculino suspeito de ter AIDS. Numa pessoa infectada, o tecido linfático será presumivelmente tomado por células infectadas.



Montagnier tentou realizar uma cultura celular com aquele tecido. Esta é a técnica de laboratório utilizada para isolar vírus como a herpes e a mononucleose. Numa cultura celular, as células infectadas estão misturadas com a células sadias num prato de petri. Separado do sistema imunológico do corpo, os vírus que estão sendo suprimidos podem aparecer. O vírus viaja da célula infectada para a célula sadia pelo líquido do prato. O cientista recolhe este líquido, concentra-o, e o gira num gradiente de densidade de sacarose para isolar o vírus.



Um gradiente de densidade de sacarose é um tubo de soluções de açúcar com camadas de densidades específicas. As camadas ficam mais espessas de cima para baixo. O líquido celular é colocado cuidadosamente sobre a solução de açúcar. Esta é rodada numa centrífuga durante muitas horas para forçar as partículas virais a descerem pelas camadas de densidade. As partículas celulares, incluindo os retrovírus, têm densidades conhecidas. A densidade conhecida corresponde a uma camada no tubo de teste. As partículas descendentes param ao encontrarem uma densidade igual à sua própria densidade. Essa camada é fotografada com um microscópio eletrônico. Em culturas de pacientes infectados por vírus, a placa da fotografia aparece cheia, com milhões de partículas idênticas de vírus.



Finalmente, uma nova cultura de célula é realizada com as partículas do vírus isolado para verificar se eles realmente são infecciosos. Mais uma vez, o fluido celular é separado, centrifugado e fotografado para verificar se o mesmo vírus aparece. É isto o que é conhecido como isolamento do vírus.



Isso é o que Montagnier fez?



Richards: Ele tentou, mas não funcionou. Montagnier tomou o tecido linfático de um paciente suspeito de ter AIDS, misturou-o com células de um saudável doador de sangue e fez uma cultura celular. Removeu o líquido e o centrifugou numa centrífuga, não encontrando nenhum vírus. Isso não o fez parar. Montagnier repetiu a experiência mas acrescentou uma nova e importante etapa.



Tomou o tecido que suspeitava ter AIDS e o misturou a um conjunto variado de células numa cultura, incluindo células de um cordão umbilical. Em seguida, acrescentou substâncias químicas poderosas indutoras da mitose (Mitogens) das células. Ele encontrou, depois de 2 ou 3 semanas, evidências de uma enzima chamada de transcriptase reversa, um sinal de possível atividade de retrovírus.



Mas ele não tinha encontrado nenhum vírus?



Richards: Não. Ele encontrou uma enzima que os retrovírus utilizam. Mas a transcriptase reversa é encontrada em muitos outros micróbios, componentes celulares e processos, incluindo as células umbilicais e a replicação forçada.

Montagnier então separou o fluido estimulado a se replicar da cultura e o colocou em outro prato de células saudáveis e novamente encontrou a atividade de transcriptase reversa.



Ele colocou isso num gradiente de densidade de sacarose e encontrou atividade de transcriptase reversa na camada de densidade em que se sabe que os retrovírus são purificados. O que ele não encontrou foi um vírus. Quando ele olhou pelo microscópio eletrônico para tal gradiente de densidade, não encontrou nada – mas não reconheceu isso senão anos mais tarde.



É isto o que é conhecido como isolamento do HIV.



Como isso prova que um vírus infeccioso estava tornando as pessoas doentes?



Richards: Isso não prova. Essa é uma evidência insuficiente de que o HIV ou qualquer vírus infeccioso existe e, menos ainda, para provar que cause alguma doença.



Como Gallo utilizou as células de Montagnier para provar que o HIV existia e causava a AIDS?



Richards: Gallo cultivou as células, mas não encontrou suficiente atividade de transcriptase reversa para se convencer de que Montagnier havia encontrado um retrovírus. Assim, Gallo acrescentou uma outra etapa. Juntou e misturou células de 10 pacientes de AIDS; em seguida acrescentou aquelas células T de leucemia de seu experimento com o retrovírus HTLV-1. Naquela altura, Gallo encontrou bastante atividade de transcriptase reversa para convencê-lo de que realmente havia um retrovírus. É dessa forma que ele sustenta ter descoberto o HIV.



Mas Gallo já havia encontrado atividade de transcriptase reversa nas células de leucemia. Como ele provou que havia um novo retrovírus – o HIV?



Richards: Muitos cientistas não acreditam que o tenha provado.



Você disse que Gallo utilizou uma linhagem de células T para cultivar o HIV. O HIV supostamente não elimina as células T?



Richards: Isso é o que Gallo inicialmente sustentava, mas os laboratórios da Abbot cultivam seu HIV em células T de pessoas. É, até mesmo chamada de linha celular imortal, porque as células de leucemia não morrem. Até agora nenhum pesquisador demonstrou como o HIV mata as células T. É apenas uma teoria que mantém o dinheiro fluindo em direção à abordagem farmacêutica para tratar a AIDS.



Rasnick: Gallo patenteou a mistura de células T de leucemia no mesmo dia em que anunciou que descobrira a “causa provável” da AIDS.



O que fazem os testes de HIV?



Rasnick: Eles procuram em seu sangue anticorpos às proteínas que são

retiradas dessa mistura. Seu corpo produz anticorpos em resposta a todo material estranho – gérmens, leveduras, vírus e até mesmo a comida que você come. Vírus são DNA ou RNA embrulhados em blocos de encadeamento protéico. Os anticorpos grudam nessas proteínas, imobilizando e destruindo o vírus. Quando, mais tarde, esses anticorpos encontram proteínas de vírus diferentes, eles, muito freqüentemente, também grudarão nelas. Isso é chamado de reatividade cruzada.



Duesberg: Vírus são apenas perigosos na primeira vez em que você os encontra. Uma vez que você tenha criado anticorpos para um vírus, você adquire imunidade para o resto de sua vida, e o vírus não pode mais torná-lo doente. Isso é o oposto da teoria do HIV, a qual declara: você é infectado; você não fica doente; você cria anticorpos; e 10 anos depois, você fica doente e morre.



Rasnick: há dois testes aos anticorpos do HIV. Um é o Elisa, no qual um grupo de proteínas da mistura de células T é injetado em conjuntos de pequenos potes plásticos num prato de teste. O outro é chamado de Western Blot. Neste teste, as proteínas são separadas sobre tiras separadas de papel. Seu sangue é acrescentado, e se anticorpos de seu sangue aderirem às proteínas dessa mistura, conclui-se que você é positivo em relação ao HIV.



Eles estão supondo que as proteínas sejam do HIV; mas eles nunca isolaram o HIV, então, como podem dizer que tais testes são capazes de diagnosticar a infecção pelo HIV?



Rasnick: Eles não podem, e eles não o fazem. Não foi provado que nenhuma das proteínas no Elisa e no Western Blot sejam específicas do HIV ou de qualquer retrovírus. Por essa razão o FDA (Food and Drug Administration) não aprovou um único teste para diagnosticar a infecção pelo HIV.



Richards: há pelo menos 30 testes comercializados para verificar o HIV. Nenhum deles é aprovado pela FDA para diagnosticar a presença ou a ausência de HIV. Nem o Elisa, nem o de carga viral, nem o Western Blot, nem o teste de antígenos P24. A FDA e os fabricantes afirmam claramente que a significância de um teste positivo no Elisa e no Western Blot é desconhecida.



Os pesquisadores da AIDS admitem que os testes contêm pelo menos 80% de material celular não-específico – e que têm, na melhor das hipóteses, uma eficácia de 20%. Mas em minha opinião científica, eles não têm eficácia alguma. A literatura médica relaciona pelo menos 60 doenças diferentes que podem resultar num teste positivo em relação ao HIV. Essas doenças ou situações incluem cândidas, artrite, parasitas, malária, problemas de fígado, alcoolismo, utilização de drogas, gripe, herpes, sífilis, outras DSTs e gravidez.



Rasnick: é muito simples entender como você pode obter falsos positivos. Os anticorpos apresentam reações cruzadas. Quanto maior a quantidade de vírus a que você se expor, maior número de anticorpos você produzirá, e maior o risco de que você tenha um resultado positivo num teste não específico de anticorpos. Se você viver num país sem água tratada ou sem condições de saneamento adequadas, você irá ter constantes infecções microbianas e de parasitas que produzem anticorpos.



Você carrega anticorpos para todos os resfriados, gripes, vírus e vacinações pelos quais tenha passado uma vez. Se você está grávida, está produzindo anticorpos que reagem ao teste Elisa da Abbot. Gravidez é uma causa conhecida de falsos positivos ao teste de HIV.



Etnias diferentes têm diferentes quantidades naturais de geração de anticorpos. É por isso que os negros têm nove vezes mais chances de ter um resultado positivo num teste do que os europeus brancos, e cerca de 33 vezes mais chances que os asiáticos. Não tem nada a ver com infecção ou saúde. Num estudo, uma tribo de índios sul-americanos foram testados com o Elisa. 13% deles tiveram resultado positivo em relação ao HIV, mas ninguém estava doente. Eles apenas tinham anticorpos que reagiam ao teste.



Se os testes não são específicos, e nós não podemos encontrar o HIV no sangue, então, o que é a AIDS?



Richards: de acordo com o CDC, a AIDS funciona como uma fórmula: Se você tiver uma doença indicadora de AIDS como salmonella, tuberculose, pneumonia, herpes ou uma infecção de levedura, e seu teste for positivo, então, se diz que você tem AIDS, e você recebe tratamento com os remédios tóxicos para a AIDS. Se seu teste for negativo ou não se souber da situação de seu HIV, você é poupado dos remédios e simplesmente tratado pela doença que você tem.



Em 1993 o CDC ampliou sua definição de AIDS para incluir as pessoas que não estão doentes mas que têm um teste positivo e apresentam uma contagem de células T menor que 200. Com base nesses novos critérios, em 1997, cerca de 2/3 de todos os casos de AIDS eram de pessoas perfeitamente saudáveis. Sucedeu que 1997 foi o último ano em que o CDC nos contou quantas pessoas estavam saudáveis e quantas estavam doentes. Atualmente o CDC conta todos os que são positivos ao HIV como pacientes de AIDS, sejam doentes ou não.



Deixe-me esclarecer isso. Quando as pessoas morrem de AIDS, elas, na verdade, morrem de uma doença conhecida. Mas se o sangue delas reagir a um teste de anticorpos de HIV, já não se diz que elas têm a doença e sim que têm AIDS.



Rasnick: É assim que isso funciona. E as pessoas doentes cujo teste é positivo em relação ao HIV recebem receitas para tomar os medicamentos mais tóxicos já produzidos e vendidos.



O que me diz sobre a AIDS na África?



Rasnick: é a mesma coisa, ou talvez pior. 50% dos africanos não dispõe de redes de esgoto. A água que bebem é misturada a dejetos humanos e de animais. Constantemente têm infecções de tuberculose e de malária, cujos sintomas são a diarréia e a perda de peso, os mesmos critérios que a UNAIDS e a Organização Mundial da Saúde utilizam para diagnosticar a AIDS na África.



Essas pessoas precisam de água potável limpa e de barreiras aos mosquitos [são os mosquitos que transmitem a malária] e não de preservativos e palestras e da imposição de remédios terríveis às mães grávidas.



Investimos 20 anos e $118 bilhões no HIV. Não temos nenhuma cura, nenhuma vacina e nenhum progresso. Ao invés disso, temos milhares de pessoas que ficaram doentes ou mesmo morreram devido às tóxicas drogas da AIDS. Mas não podemos simplesmente tratá-las pelas doenças que sabemos que elas têm porque se o fizéssemos, seríamos chamados de “contestadores da AIDS”. Tratá-los pelas doenças que têm, de fato seria mais humanitário e eficaz do que forçar-lhes drogas tóxicas garganta abaixo, além de economizar bilhões de dólares de impostos. É um setor multibilionário. Há 100.000 pesquisadores profissionais de AIDS nos Estados Unidos. Neste momento é tão difícil desafiar esse setor como o do fumo.



O que diz Luc Montagnier sobre isto?



Rasnick: Em 1990 na conferência de AIDS em São Francisco, Montagnier anunciou que o HIV não matava, no final das contas, as células T e não poderia ser a causa da AIDS. Apenas algumas horas após fazer esta declaração, ele foi atacado pela mesma indústria que tinha ajudado criar. Montagnier não é um mentiroso. Ele é um cientista de considerável estatura que se guia por sua própria cabeça.



Epílogo:



Numa entrevista em 1997, Luc Montagnier falou sobre seu isolamento do HIV. Ele disse, “não purificamos [isolamos]... vimos algumas partículas, mas elas não tinham a morfologia [forma] típica de retrovírus... Elas eram muito diferentes... O que não tínhamos, como eu sempre tenho reconhecido, era a causa verdadeira da AIDS”.



Robert Gallo não faz concessões tão grandes. Porém, tem reparado sua sentença de morte da AIDS. Ele acredita agora que é possível viver com o HIV “durante 30 anos até você morrer de velhice”, contanto que você viva um estilo de vida saudável e evite substâncias que comprometam o sistema imunológico.



Em 1994 Gallo anunciou sem alarde que as principais doenças que definem a AIDS em homens guei — o Sarcoma de Kaposi, não era causado pelo HIV mas sim, provavelmente causado por “poppers” de amil-nitritos, uma droga na que fôra popular na comunidade guei. De qualquer forma, isto não produziu manchetes.



Gallo também disse que a pesquisa de Peter Duesberg sobre a AIDS ter origem em drogas deveria ser apoiada financeiramente. O apoio financeiro de Duesberg, desde que ele desafiou o modelo HIV/AIDS publicamente, torna-se cada vez menor.





O Debate da AIDS



Parte 2

A Peste Guei

por Liam Scheff
Traduzido por Célio Knipel Moreira

Prólogo



Em 1984, Robert Gallo anunciou que um retrovírus chamado HIV era a “causa provável” da AIDS.



Na parte 1 de “O Debate da AIDS”, os pesquisadores da AIDS deram surpreendentes evidências de que os retrovírus são, de fato, não tóxicos às células, e também bioquimicamente inativos para causarem sozinhos qualquer das 29 diferentes doenças que os Centros para o Controle de Doenças (CDC) classificam como AIDS. Esses pesquisadores reivindicam que a AIDS foi diagnosticada corretamente no início da década de 1980 como uma doença de estilo de vida representada pelos danos ao sistema imunológico causados pelo volumoso uso de drogas e pela desnutrição.



Dez anos depois de seu anúncio, em 1994, numa conferência do Instituto Nacional sobre o Abuso de Drogas, (NIDA), Robert Gallo admitia sem alarde que a primeira definição da doença da AIDS em homens gueis, o Sarcoma de Kaposi, não poderia ser explicada pelo HIV, mas que drogas baseadas em nitritos, chamadas de “poppers” poderiam ser sua principal causa. Os poppers eram uma droga popular, largamente comercializada na comunidade guei dos anos 1970.



Os homens gueis estavam de fato, nos anos 1970, utilizando poppers e outras drogas prejudiciais às células e mutagênicas, em quantidades enormes, sugerindo imediatamente a primeira erupção de doenças da AIDS. Mas o espectro da AIDS não deteve o uso das drogas recreativas. Muitos homens gueis continuam a utilizar as mesmas sem controle, incluindo os poppers de nitritos.



Atualmente estão adicionando remédios tóxicos para a AIDS àquele coquetel já mortífero, e isso está lhes custando suas vidas. Um estudo nacional realizado pelo Dr. Amy Justice, pesquisador da AIDS na Universidade de Pittsburgh, revelou que a deficiência hepática é agora a principal causa de morte em indivíduos soropositivos ao HIV que tomam remédios para a AIDS. Embora a deficiência hepática nunca tenha sido uma doença da AIDS, ela é o principal e mais famoso efeito colateral dos novos remédios da AIDS.



Na conferência de 1994 da NIDA, o Dr. Gallo disse que a teoria do Dr. Peter Duesberg sobre a AIDS se originar das drogas deveria ser apoiada financeiramente e investigada. Aceitando o conselho de Gallo, falei com Duesberg e dois outros estudiosos de saúde sobre os primeiros pacientes de AIDS, abusos de drogas e as novas prescrições de remédios que atualmente estão matando os pacientes de AIDS.



Peter Duesberg é um professor de biologia molecular na UC Berkeley. É especialista no campo da ciência do HIV e da retrovirologia.



John Lauritsen é um jornalista e historiador guei que têm investigado e escrito sobre a AIDS durante mais de 20 anos. Em 1992, ele descobriu documentos, apoiando-se na Lei de Liberdade de Informação, que revelaram que a droga tóxica para a AIDS, o Azidothymidine (ou AZT), foi aprovada com base em experimentos médicos fraudulentos. Seus livros incluem “A Guerra da AIDS” e “O Movimento Inicial de Direitos dos Homossexuais – de 1864 a 1935”.



Darren Main é autor, médico holista e professor de AIDS. De acordo com a redefinição de 1993 do CDC, Darren Main tem AIDS, embora não esteja doente.



As entrevistas foram realizadas separadamente e integradas num diálogo. Os pontos-de-vista individuais são apenas do interlocutor.



O movimento pelos direitos gueis emergiu como uma poderosa força no início dos anos 1970, depois de décadas de repressão e maus tratos a homens e mulheres gueis. Qual era o panorama guei nos anos 1970?



John Lauritsen: havia uma sensação maravilhosa de liberdade para homens gays no início dos anos 1970. O movimento de liberação gay depois de Stonewall [um ponto crítico importante no movimento pelos direitos gueis] permitiu a homens que antes se seguravam devido a tabus culturais se revelarem em numerosos centros gueis. Eles eram homens fortes, saudáveis e jovens aos quais, subitamente, lhes foi dada uma tremenda liberdade. A utilização de muitas drogas e a prática de muito sexo fazia parte de tal liberdade.



Morei em Nova Iorque de 1963 a 1995; estava lá, bem no coração dela. Vivi nas imediações da esquina de um clube guei extremamente popular chamado “The Saint”. Em algumas noites, apareciam milhares de homens. A principal atividade era consumir drogas de todo tipo: ecstasy, poppers, maconha, quaaludes (droga sedativa e hipnótica cuja composição é C18H14N2O), anfetaminas, LSD, cocaína e outras drogas alucinógenas. Algumas drogas só apareceram uma vez, como a da noite de abertura do clube, feita especialmente para a ocasião.



Em clubes como “The Saint”, havia um momento para cada droga. Alguém dizia, “Agora é o momento de ecstasy, agora é o momento de uma anfetamina, agora é o momento de Special K”, e de centenas de outras para alguns milhares de pessoas que as tomariam ao mesmo tempo. Isso acontecia todas as noites. Eles as misturavam com álcool durante toda a longa noite. Uma droga chamada “poppers” era constantemente utilizada, porque era barata e legal.



O que são poppers?



Lauritsen: Poppers são inalantes de nitritos. Os nitritos (amyl-, butyl- e isobutyl-) têm diversos efeitos que os tornaram atraentes aos jovens homens gueis. Se utilizados durante o sexo, prolongam e aumentam o orgasmo. Alguns homens tornaram-se incapazes de ter sexo ou mesmo de se masturbarem sem a droga. Os poppers foram utilizados para facilitar o sexo anal, porque abrandam a dor e relaxam os músculos do reto.



Como os poppers eram utilizados?



Lauritsen: Eles eram utilizados de forma generalizada. Chegavam em pequenos frascos que você abria e aspirava. Era a primeira coisa que alguns homens gueis usavam pela manhã, na pista de dança e em cada ocasião em que faziam sexo. Nas discotecas gueis, os homens faziam “rodinhas” com diversos frascos sendo levados ao nariz. O cheiro amargo dos poppers era sinônimo de lugar de concentração de gueis.



Como os poppers de nitrito afetam a saúde?



Lauritsen: Os poppers são uma droga extraordinariamente tóxica. Eles causam danos cerebrais que vão de ataques, a severas queimaduras de pele e deficiência cardíaca. Deprimem o sistema imunológico e danificam os pulmões. Já causaram a morte em apenas um único uso. São de tal forma venenosos que já foram utilizados para cometer suicídios e assassinatos.



O nitritos são fortemente mutagênicos, o que significa que causam mudança celular e mutação genética. Os nitritos produzem toxinas mortais quando misturados a substâncias químicas comumente utilizadas como anti-histamínicos, adoçantes artificiais e analgésicos. Quase todos os antibióticos são convertidos em carcinógenos potentes por meio dos nitritos.



Por que os poppers eram legais?



Lauritsen: Os poppers inicialmente eram fabricados pelo laboratório Burroughs-Wellcome Corp. como remédio para ataques cardíacos, mas foram substituídos pela nitroglicerina. Nos anos 1960, apenas alguns homens gueis, utilizavam os poppers como droga recreativa.



Os poppers encontraram vida nova durante a Guerra do Vietnã, sendo vendidos no mercado negro, para aqueles combatentes. Quando os soldados retornavam, mantinham o vício. Casos de perdas de memória, enxaquecas, anomalias sangüíneas e terríveis queimaduras na pele levaram a uma reclassificação da droga.



Nos anos 1970 e 1980, o FDA permitia que os poppers fossem legalmente vendidos sob o pretexto ridículo de que eram “odorantes de ambientes” – ao mesmo tempo em que a nova e barulhenta indústria de sexo guei os comercializava aos homens homossexuais como afrodisíacos, sob nomes como “Rush”, “HardWare” e “Ram”.



Os poppers eram baratos, apenas $2.99 (menos de nove reais no câmbio atual – julho de 03) por frasco, e eram extremamente populares. Toda publicação guei na época era cheia de propagandas coloridas de página inteira da droga. Nos anos 1970, os poppers constituíam-se num negócio de $50 milhões anuais. Revistas gueis como a The Advocate dependiam fortemente da receita oriunda de anúncios de poppers; algumas revistas deviam sua existência apenas à droga. Eles eram tão populares que depois deles, havia até mesmo uma tira de quadrinhos denominada “Poppers”.



Ao final dos anos 1970, alguns dos homens jovens e saudáveis não estavam parecendo tão jovens e saudáveis. Estavam cansados. Suas faces estavam cinzas. Pareciam prematuramente velhos. Lembro-me de entrar numa festa no final dos anos 1970 e ficar chocado por ver tantos homens gravemente doentes.



Em 1983, comecei a trabalhar com Hank Wilson, um ativista de direitos dos gueis de Bay Area, pesquisando e escrevendo sobre poppers. Começamos escrevendo sobre os efeitos médicos perigosos da droga e fomos duramente atacados por fazê-lo. A imprensa guei nos chamou de “homófobos” e de “homossexuais traidores” porque criticamos uma substância química.



No início dos anos 1980, boletins médicos sobre a AIDS consideraram-na uma doença de estilo de vida. O estilo de vida auto-indulgente de homens gueis era definido pelo uso constante de sexo e de drogas. Tais homens tinham constantes infecções de DST – casos simultâneos de sífilis, gonorréia, clamídia, doenças venéreas, infecções intestinais e parasitárias – as quais eram tratadas com antibióticos cada vez mais fortes sempre que pensavam ter “pegado” algo. Alguns médicos deram a seus pacientes gueis prescrições abertas de antibióticos e até mesmo os aconselharam a tomar algumas cápsulas antes de irem para os banhos. Uma casa de banhos em Nova York vendia antibióticos no mercado paralelo no segundo andar, juntamente com todos os tipos de drogas de rua.



Um das principais doenças da AIDS era o Sarcoma de Kaposi, um crescimento exagerado dos vasos sangüíneos que se manifesta como manchas roxas na pele e na face. Os médicos especulavam que os poppers de nitrito, um conhecido mutagênico, fosse a causa do Sarcoma de Kaposi (ou KS). Cientistas escreveram ao The Advocate com fortes advertências sobre os perigos dos poppers, mas suas cartas ou foram rejeitadas ou foram ignoradas.



A reação da comunidade guei à idéia de que o uso crônico de drogas tivesse qualquer coisa a ver com a enfermidade era declaradamente contrária. Em 1983, o The Advocate, de fato, publicou uma série de anúncios defendendo os poppers. A série, chamada “Um Plano para a Saúde”, afirmava falsamente que o governo estudava mostrar que os poppers eram inocentes e deveriam ser considerados uma parte saudável da vida dos gueis. Isto, de uma droga que no rótulo afirmava ser, “inflamável e fatal se aspirada”.



Peter Duesberg: a AIDS foi diagnosticada corretamente pelo CDC de 1981 a 1984. Eles a identificaram como uma provável doença de estilo de vida causada pelo uso excessivo de drogas e pela desnutrição. O “New England Journal of Medicine” publicou quatro artigos sobre o estilo de vida de drogas daqueles que eram então chamados de pacientes de GRID (Deficiência Imunológica Relacionada aos Gueis). Este, era um síndrome simbolizado pelas infecções oportunistas como a pneumonia e o sarcoma de Kaposi.



O único fator que todas aquelas pessoas tinham em comum era o uso muito alto de drogas recreativas: benzedrina, inalantes de nitritos, cocaína e heroína. A teoria era simples. Esses homens tinham estado durante uma década destruindo seus sistemas imunológicos e agora estavam suscetíveis a todos os tipos de doenças infecciosas. Essa teoria era compatível com a distribuição não aleatória da enfermidade.



Até 1984, essa era a única hipótese plausível. Mas quando o governo apoiou a teoria do HIV, a teoria do estilo de vida foi abandonada, porque todo o dinheiro foi para a pesquisa de retrovírus. É assim que a ciência funciona; se não for financiada, não existe.



Lauritsen: As mídias imediatamente apoiaram a hipótese não demonstrada de Gallo, e os serviços de saúde públicos seguiram o exemplo. Durante 20 anos, quase todos os fundos governamentais foram despejados sobre a teoria de Gallo de que o HIV é igual a AIDS, com nada para demonstrá-la, enquanto os modelos de droga e desnutrição foram ignorados.



Em 1994, Robert Gallo sem alarde admitia que o sarcoma de Kaposi não poderia ser causado pelo HIV. Mas isso nunca foi informado pela imprensa popular. Gallo disse a uma audiência de cientistas e ativistas na conferência do NIDA em 1994 que o HIV não poderia causar o sarcoma de Kaposi e que ele nem mesmo havia encontrado o HIV nas células T, às quais se supõe serem mortas pelo HIV. Ele disse, “não sei se deixei este ponto claro, mas penso que todos aqui sabem – nunca encontramos o DNA do HIV nas células do tumor do sarcoma de Kaposi. E, de fato, nunca encontramos DNA de HIV nas células T. Assim, em outras palavras, nunca vimos o papel do HIV também como um transformador [causador de câncer].”



Isso estava em completa oposição a tudo o que Gallo já havia dito sobre o HIV ou a AIDS. Mas bem poucas pessoas prestaram atenção a sua retratação. O CDC a ignorou, e continua dizendo às pessoas que o sarcoma de Kaposi é uma doença da AIDS.



Quando Gallo foi perguntado sobre o que causava o sarcoma de Kaposi, já que não era o HIV, ele disse: “Os nitritos [poppers] podem ser o fator principal” porque “A mutagênese” é a “coisa mais importante”. É uma situação muito embaraçosa para o meio tradicional da AIDS, e ele a manteve oculta. Uma das duas marcas registradas da AIDS é agora perfeitamente entendida sem conexão alguma com a AIDS ou com o HIV.



Considere qualquer diagnóstico de AIDS – há boas razões para que aquela pessoa tenha ficado doente como ficou. Considere um viciado em heroína que tenha uma pneumonia ou uma grave infecção pulmonar. Isso é o que a ciência sempre esperou como conseqüência de tomar excesso de opiáceos, porque estes destroem os pulmões e reduzem a imunidade.



Se um homem guei toma inalantes de nitrito e adquire sarcoma de Kaposi, a melhor explicação é que foi afetado pelos inalantes de nitrito, não por um agente infeccioso. Nitritos são drogas mutagênicas que afetam diretamente os vasos sangüíneos. Isso está dizendo que os homens gueis que adquiriram o sarcoma de Kaposi o adquiriram em redor dos lábios, nariz e boca – o mesmo lugar pelo qual haviam inalado a droga tóxica.



Duesberg: Os sintomas que identificam a AIDS são a diarréia crônica, a demência, a perda de peso e a maior incidência de infecções virais e bacterianas. Essas são as mesmas doenças que caracterizam um abuso crônico de drogas e a desnutrição, mas ninguém está patrocinando essa pesquisa. Ao contrário, bilhões de dólares são despejados no combate à AIDS com drogas mortais como o AZT e os inibidores da protease.



Muitos americanos usam benzedrina, drogas de dietas, cocaína e alucinógenos. Quando você faz isso durante anos, começa a ficar doente. Você vai ao médico, e ele diz que a primeira coisa que você precisa é um teste de HIV. O resultado é positivo porque os testes de HIV apresentam uma reação cruzada com os anticorpos produzidos pelo uso de drogas. O médico prescreve-lhe AZT, um destruidor da cadeia de DNA, que, em doses altas, acabará com você em seis meses.



Não estou falando sobre usar uma vez um alucinógeno. Somos projetados para consumir muita porcaria, mas não para tolerar um grama de cocaína, de inalantes de nitrito ou de heroína por dia, e somos ainda menos capazes de lidar com o AZT.



O que é o AZT?



Duesberg: AZT é um exterminador da cadeia de DNA. O AZT mata o seu DNA. Mata a sua medula, na qual seu sangue é produzido; mata as células em seus intestinos e assim você não pode comer.



AZT foi projetado há 40 anos como uma droga de quimioterapia para tratar o câncer. O princípio da quimioterapia é simples – matar todas as células. Se a quimioterapia funcionar, as células do câncer serão mortas antes de você. Mas isso freqüentemente não funciona, e ocorrem danos colaterais terríveis. Obviamente, a quimioterapia é um processo de curto prazo. Um paciente de câncer é tratado apenas durante pouco tempo, porque o tratamento é muito tóxico. Mas os pacientes de AIDS recebem diariamente o AZT, presumivelmente para o resto de suas vidas.



Como essa droga tóxica foi aprovada para uso em pacientes com AIDS?



Lauritsen: O AZT foi aprovado com base em pesquisa fraudulenta. Os experimentos da Fase 2 do AZT foram realizados pelo FDA (Food and Drug Administration) em 1986 e monitorados pela Burroughs-Wellcome (agora Glaxo-Wellcome), que fabrica a droga. Incidentalmente, a Wellcome é a mesma corporação que foi pioneira na fabricação dos poppers de nitrito para dor cardíaca.



Os experimentos da Fase 2 supostamente demonstraram que o AZT era “seguro e eficaz”. O relatório sobre os experimentos, publicado em 1987, afirmava que o AZT impedia dramaticamente que as pessoas com AIDS morressem. Mas tais resultados se baseavam em fraudes.



Como a fraude foi cometida?



Lauritsen: Primeiro, o estudo não foi verdadeiramente imparcial. Médicos e pacientes sabiam quem estava tomando o AZT e quem estava tomando placebos. Numa pesquisa médica, um grupo de pacientes recebe a droga de teste e o outro, pílulas de açúcar. Isso permite aos médicos a observação dos efeitos da droga, comparando os dois grupos.



Num verdadeiro estudo duplamente imparcial, nem médicos nem pacientes sabem quem está tomando o medicamento. Esse método é considerado o mais preciso e livre de distorções para aprovar um medicamento.



Nos experimentos da Fase 2, todos sabiam quem tomava AZT; a informação era compartilhada entre médicos e pacientes. Pacientes no grupo de placebo queriam estar no grupo de AZT porque pensavam que isso os ajudaria, assim, eles o obtinham com outros pacientes ou com seus próprios médicos. Mas permaneciam ainda registrados no grupo de placebo.



Mais importante ainda, os formulários de relatórios do caso foram falsificados. Pacientes que tomavam AZT e que quase morreram de anemia foram registrados como “não tendo nenhuma reação adversa” à droga. Esses pacientes precisaram ser submetidos a múltiplas transfusões de sangue para continuarem vivos. [O AZT causa anemia destruindo a medula óssea, que produz as células sangüíneas.]



Um paciente, que supostamente estava no grupo de placebos recebeu, de fato, AZT de seu médico. Ele saiu fora do estudo mas continuou a tomar AZT, e logo morreu. Os pesquisadores registraram sua morte no grupo de placebo, como se o fato de não tomar remédio o tivesse matado. Se isso não for uma fraude, então, a palavra não tem nenhum significado.



Com base nesses testes, o AZT foi aprovado e apresentado aos pacientes em 1987. Homens HIV-positivos tornaram-se o foco de uma campanha de mídia multimilionária da Wellcome. Anúncios de página inteira promovendo o AZT apareceram no “The New York Times” e em publicações menores em todo o mundo. Os departamentos de saúde pública ecoaram a idéia de que o AZT ajudaria as pessoas a viverem por mais tempo.



Duesberg: os médicos receitam drogas para pacientes soropositivos de HIV antes que estejam doentes. Desde 1993, o CDC já não exige que as pessoas estejam doentes para chamá-los de pacientes de AIDS. Se eles tiverem uma reação positiva ao anticorpo no teste não específico Elisa e uma vez, uma contagem de células T abaixo de 200, o CDC diz que eles têm AIDS. Com base nesses critérios, os médicos estão prescrevendo drogas de AIDS para indivíduos saudáveis.



Isso é o que eu chamo de AIDS por prescrição. Imagine que você vá a seu médico e lhe digam que você é soropositivo de HIV. Você está perfeitamente saudável, mas seu médico lhe diz que você tem AIDS, porque sua contagem de células T é baixa, e que é melhor você tomar o remédio para estancar o progresso da doença. Você está confuso e alarmado, mas confia em seu médico, assim, toma o remédio que destrói seus intestinos e seu sistema imunológico. Seu cabelo cai, você fica impotente e, mais cedo ou mais tarde, tem as doenças de que tentava se prevenir.



O médico diz: “Se você não tivesse vindo a mim, teria tido os mesmos problemas seis meses mais cedo. Eu adicionei meio ano à sua vida.”



Atualmente, devido a muitas pessoas terem morrido tomando o AZT, os médicos estão prescrevendo doses menores para simplesmente retardar e mascarar os danos feitos ao corpo.



Quem está tomando AZT?



Duesberg: de acordo com o The New York Times e a revista Times, 450.000 Americanos estão tomando AZT em todos os dias de suas vidas. Muitos pacientes não podem tomar o remédio porque sentem muito enjôo e vomitam. Mas tentam seguir as instruções de seus médicos.



Lauritsen: 94% de todas as mortes de AIDS ocorreram desde que as pessoas passaram a utilizar o AZT, em 1987. Apenas em 1993 morreram mais pessoas tomando AZT do que nos primeiros seis anos de AIDS.



A AIDS fez com que o uso das drogas recreativas parasse?



Lauritsen: Não, no início dos anos 1990, homens gueis em São Francisco e Nova York tinham voltado aos mesmos níveis de abuso de drogas e de promiscuidade dos anos 1970.



Em 1992, milhares de homens gueis participaram de uma “festa matinal” em Fire Island, realizada em prol da Crise de Saúde dos Homens Gueis. Pelo menos 95% deles estava em estado de intoxicação extrema devido ao uso de ecstasy, de poppers, de cocaína e de álcool. O dramaturgo Larry Kramer descreveu isso dizendo: “Havia 4 ou 5 mil rapazes jovens magníficos na praia, com suas mentes drogadas ao meio-dia, vindo e saindo do local para transar. Tudo em nome da Crise de Saúde dos Homens Gueis”.



Darren Main: O uso de drogas até agora continua muito alto na comunidade guei. Grandes festas de circuito são muito comuns.



O que é uma festa de circuito?



Main: É um evento que acontece num local específico, como a Festa Branca em Palm Springs ou a Festa Negra e Azul em Montreal. Milhares de pessoas participam. São quatro ou cinco dias de uso de drogas pesadas, diferente de tudo o que se possa imaginar — anfetaminas, ecstasy, special K, drogas alucinógenas, poppers.



As pessoas ainda estão usando os poppers?



Main: Certamente. É uma verdadeira farmácia. Os caras ficam acordados durante quatro a cinco dias, tomando drogas e fazendo algo como uma orgia sexual. Além das grandes festas de circuito, há as festas regulares. Muitos passam seus fins de semana indo a discotecas e ficando intoxicados em suas mentes.



Essas drogas de festa estão sendo misturadas com antibióticos, porque esses indivíduos estão constantemente expostos a infecções amébicas, de sífilis, gonorréia, herpes e de outras DSTs as quais novamente estão em ascensão na comunidade guei.



Isso se parece com a primeira crise da AIDS.



Main: É. Muitos pensam que estão protegidos de infecções porque estão tomando os novos coquetéis de drogas para a AIDS, chamados de HAART (terapia anti-retroviral altamente ativa). A HAART é uma mistura dos antigos análogos nucleosídeos como o AZT, o DDI e o 3TC, e os mais novos inibidores da protease como o Saquinavir e o Crixivan. [Os análogos nucleosídeos atuam estancando a produção de DNA; os inibidores de protease operam estancando a aglomeração de proteínas nas células.]



Quais são os efeitos colaterais comuns dos inibidores de protease?



Main: Os inibidores de protease causam lipodistrofia (lypodystrophy) – uma deformação da gordura. A gordura corporal abandona a face, braços e pernas, os quais se tornam varas de veias; a face torna-se esquelética. A gordura se junta num “cupim de boi” na parte superior das costas. A barriga se torna dilatada e inchada.



E isso é apenas o que é visível. As drogas provocam grande aumento de colesterol, o que freqüentemente leva a ataques do coração. Diabetes e desequilíbrios no açúcar do sangue também são comuns. A maior parte dos danos dos inibidores de protease ocorrem no fígado. Como resultado, a deficiência hepática é agora o primeiro exterminador de pacientes da AIDS nos Estados Unidos, embora ela não seja uma doença da AIDS.



Observei que se você tomar os remédios, seus sintomas começarão com uma perturbação estomacal e diarréia. Dentro de um ano, haverá sinais em sua face. As pessoas que conheço e que vem tomando o remédio durante alguns anos estão visivelmente alterados. Não há forma de saber se deixar as drogas reverterá o dano. Em Los Angeles, São Francisco e South Beach, há cirurgiões plásticos cuja prática se baseia inteiramente na lipoaspiração do ‘cupim de boi’ e na colocação de implantes de bochechas.



Você é consultado por pessoas diagnosticadas com HIV e AIDS. O que você lhes diz?



Main: Eu os ensino a reconstruir e a fortalecer seus sistemas imunológicos por meio da realização de coisas muito básicas: criação de uma dieta de fortalecimento, conseguir dormir e repousar o suficiente, nada de drogas recreativas, nada de estimulantes e a adição de suplementos fortificantes. Se alguém toma remédios para a AIDS, eu os encorajo a tirar umas “férias deles”.



Muitas pessoas têm medo de deixar as drogas ou de desafiar o que os médicos e as companhias farmacêuticas lhes dizem. Tenho um cliente, que chamaremos de “Jack”, cujo parceiro morreu há alguns anos devido à toxicidade das drogas. Jack é soropositivo de HIV e toma os remédios. Teve uma reação muito forte a eles – ele tornou-se cego. Seus olhos pararam de funcionar e começaram a degenerar devido aos remédios para a AIDS. Os médicos de Jack confirmaram que a cegueira era realmente causada pelos coquetéis da droga e não por qualquer vírus ou doença da AIDS. Quando o conheci, ele tinha acabado de ter seus olhos removidos. Ele tem agora próteses de olhos de vidro.



Depois, ele finalmente deixou as drogas?



Main: Não, ele ainda as está tomando. Perguntei-lhe se poderia pensar em deixar as drogas. Ele disse que não, porque não se sentia confortável com sua contagem de células T ou com sua carga viral. Sentia-se melhor perdendo os olhos que abandonando as drogas. Os inibidores de protease são ligeiramente menos tóxicos que o AZT, mas ainda podem ser mortais. É uma morte mais lenta.



Você não toma o remédio, embora tenha um diagnóstico de AIDS. Como é a sua saúde?



Main: Perfeita – que eu saiba, não tenho nenhum problema de saúde. Nunca tive uma infecção oportunista ou uma doença que define a AIDS. Tenho AIDS devido a uma contagem de células T. A minha é 120. De acordo com o CDC é isso que é AIDS; ser positivo em relação ao HIV e ter uma contagem de células T menor que 200. É óbvio que em outros países, não teria AIDS. Essa é apenas a forma como o CDC define AIDS nos Estados Unidos e somente desde 1993. Mas estou bastante saudável. Subo e desço montanhas, caminho e ensino ioga para viver. Por causa de meu diagnóstico de AIDS, tenho sido hostilizado por médicos para passar a tomar remédios. “Jogue pesado e rapidamente”, dizem eles.



De acordo com o Dr. Amy Justice da Universidade de Pittsburgh, os homens gueis estão morrendo tomando os remédios para a AIDS. Eles os estão tomando apesar da teoria do HIV ser altamente discutível, e da existência de alternativas de tratamento mais encorajadoras. Por que os homens gueis estão adotando essa opção de tratamento, se ela lhes causa tanta dor e sofrimento?



Main: Se você olhar para a história do movimento guei, você descobrirá que o HIV e a AIDS têm, ironicamente, aproximado as pessoas. No início, a liberação guei era um grupo de pessoas cuja principal interação

era a diversão. Quando muitos começaram a adoecer, essas pessoas, rejeitadas pela sociedade prevalecente, necessitaram estar se apoiando mutuamente. Cuidaram uns dos outros e desenvolveram uma comunidade real. Apoiaram-se mutuamente de uma forma que nunca tinham sido apoiados por suas próprias famílias ou pela sociedade.



O HIV e a AIDS converteram-se na cola que manteve as pessoas unidas. Temos investido muito na AIDS – bilhões de dólares, campanhas para a AIDS, milhares de horas de voluntários em centros comunitários, trabalhos em tempo integral e organizações que acreditam que o HIV está matando os homens gueis. É muito duro para as pessoas abandonarem algo em que colocaram toda a sua vida – seus corações, mentes e convicções. É muito difícil.



Seria agradável se os homens gueis sentissem que é possível encontrar confirmação, apoio e comunidade fora do HIV e da AIDS. Mas penso que muitas pessoas acham-se muitas ligadas para que isso aconteça em breve. O que é um infortúnio, porque tal ligação está matando muita gente.







Parte 3



O debate da AIDS



África: Tratando a Pobreza com Drogas Tóxicas



Artigo publicado no Weekly Dig de 4 de junho de 2003
Por Liam Scheff
Traduzido por Célio Knipel Moreira



http://www.weeklydig.com/dig/content/3593.aspx



“Em relação às doenças, adote um hábito de dois gestos: ajudar, ou, pelo menos, não fazer nenhum dano.”

Hippocrates, Século V a.C.

Médico grego, considerado como o pai da medicina.



De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a UNAIDS, 42 milhões de pessoas em todo o mundo estão infectados com o HIV, e quase 22 milhões de pessoas na África já morreram de AIDS. Mas a AIDS não é uma única doença; é um conjunto de doenças. Quando se diz que as pessoas morreram de AIDS, sabe-se que morreram de uma doença ou de uma condição de saúde, como pneumonia, tuberculose, malária ou desnutrição básica. Os pesquisadores da AIDS sustentam que o HIV atua no desenvolvimento dessas enfermidades, mas a despeito disso, 20 anos de pesquisa sobre a AIDS não demonstraram a relação de causa e efeito entre a infecção pelo HIV e qualquer das chamadas doenças da AIDS, (como vimos em “O Debate da AIDS” em suas partes um e dois). Então, por que nós as chamamos de mortes por AIDS?



Nos Estados Unidos, a AIDS é definida como um conjunto de 29 doenças anteriormente conhecidas, incluindo infecções de levedura, hepatite, gripe, pneumonia, tuberculose e o Sarcoma de Kaposi. Sabe-se que essas doenças não são causadas pelo HIV. Não obstante, a única coisa que classifica qualquer uma dessas doenças como AIDS é um teste de anticorpos ao HIV ser positivo.



Mas mesmo se fosse descoberto que o HIV causa essas doenças já conhecidas, ainda restaria um problema. Os testes de anticorpos de HIV não diagnosticam a infecção real do HIV. Ao contrário, os testes procuram reações não específicas de anticorpos em seu sangue às proteínas no teste de HIV. Os fabricantes do teste sustentam que as proteínas representam o HIV, mas na realidade, não foi provado que qualquer das proteínas do teste seja específica do HIV. De fato, esses testes são não específicos pois apresentam reações cruzadas com quase 70 outras doenças ou situações de saúde documentadas, incluindo a gripe, vacinações anteriores, transfusões de sangue, artrite, hepatite alcoólica, uso de drogas, infecções de levedura e até mesmo gravidez, tanto como com doenças endêmicas na África: tuberculose, infecção parasitária, lepra e malária. Devido a nenhum teste de HIV poder encontrar o HIV de fato, nem um único teste de HIV foi aprovado pelo FDA para diagnosticar a infecção pelo HIV.



Levando em conta este teste não-específico e de reações cruzadas, como a Organização Mundial de Saúde (OMS) diagnostica a AIDS na África?



Simples. Nenhum teste é exigido. Em 1985, a OMS criou uma nova definição de AIDS para as nações africanas e países de terceiro mundo. A “Definição de Bangui” da OMS permite aos africanos com sintomas físicos comuns como diarréia, febre, perda de peso, sarna e tosse, serem classificados automaticamente como pacientes de AIDS, sem testes de HIV. Mas esses mesmos sintomas definem a vida para a maioria dos africanos, aos quais faltam coisas essenciais como comida suficiente, água potável de qualidade, serviços de saúde pública adequada e atendimento médico básico. Esses sintomas também são sinônimos dos maiores assassinos no continente: malária, diarréia infecciosa e tuberculose.



As organizações ocidentais da AIDS estão trabalhando para colocar as drogas tóxicas da AIDS nas mãos dos governos africanos, mas qual é a utilidade dos remédios potencialmente mortais da AIDS para pessoas que sofrem de doenças relacionadas à pobreza como tuberculose crônica e malária, ou para mães grávidas cujo sangue reage de forma cruzada a testes não específicos de HIV?



Para responder a essas perguntas, falei com pesquisadores da AIDS que trabalharam na África e estudaram a epidemia africana.



O Dr. Christian Fiala é médico especialista em obstetrícia e ginecologia em Viena. Trabalhou extensivamente em Uganda e na Tailândia pesquisando a AIDS.



O Dr. Rodney Richards foi um dos cientistas fundadores da companhia de biotecnologia Amgen na qual ajudou a desenvolver alguns dos primeiros testes do HIV. Richards trabalha atualmente em período integral pesquisando a AIDS.



As entrevistas foram realizadas isoladamente e integradas num único diálogo. Os pontos de vista individuais são dos interlocutores.

Como a AIDS é diagnosticada na África?



Christian Fiala: Seus leitores podem ficar surpresos em saber que a AIDS na África é diagnosticada de modo inteiramente diferente do que é feito na Europa ou nos EUA. Na África, um diagnóstico de AIDS pode ser feito baseando-se apenas em sintomas que geralmente se manifestam fisicamente. Isso é irônico, porque a AIDS é um conjunto de doenças, e não apresenta sintomas iguais. Até mesmo o co-fundador da teoria do HIV, Luc Montagnier, admite que a AIDS não possui nenhum sintoma clínico específico.


Como essa nova definição de AIDS foi criada?



Fiala: Em 1985 a OMS realizou uma reunião em Bangui, capital da República Centro-Africana. Um funcionário da OMS, Joseph McCormick, escreveu sobre isso em seu livro Level 4: Virus Hunters of the CDC (“Nível 4: Caçadores de Vírus do CDC”).



Ele escreveu: “Se eu pudesse fazer todos na conferência da OMS de Bangui concordarem numa única e simples definição do que seria um caso de AIDS na África, então, incorreta como tal definição pudesse ser, poderíamos começar a contar de fato os casos...”



Isso é o que é conhecido como Definição de Bangui.

Como a definição de Bangui define a AIDS?



Fiala: Há duas categorias de sintomas, os principais e os secundários. Um paciente recebe o diagnóstico de AIDS quando tem dois sintomas principais e um secundário. Os principais são perda de peso, diarréia crônica e febre crônica. Os sintomas secundários incluem tosse e coceira generalizada.



Deixe-me explicar, com base na definição da OMS, se você tiver uma febre, uma tosse e uma diarréia na África, então, você tem AIDS?



Fiala: Exatamente.



Isso parece absurdo.



Fiala: É. É mais absurdo ainda quando você sabe o quão comuns são esses sintomas no ambiente pobre de recursos como a África sub-saariana. Para começar, menos de 50% dos africanos têm acesso a água potável saudável. Mais de 60% não dispõem de serviço de saúde pública. A maioria das aldeias africanas não possui sistemas de esgoto. Excrementos humanos e de animais misturam-se aos suprimentos de água. As pessoas bebem-na, ingerindo parasitas infecciosos e bactérias. Como resultado, a disenteria é endêmica.



Quando seus intestinos estão cheios de micróbios infecciosos, é provável que você tenha febre. Seu corpo tentará curar-se a si mesmo expelindo as bactérias tão depressa quanto possível. Essa é diarréia infecciosa, inacreditavelmente comum na África.



A diarréia drena líquidos, sais, minerais e nutrientes do corpo. Ela debilita o sistema imunológico. Quando você não dispõe de água saudável, você tem diarréia crônica. Quando você tem diarréia crônica, não tem como, você perde peso.



Nessa altura, você atendeu aos critérios dos principais sintomas da definição africana para a AIDS. Assim, o que falta é um sintoma secundário, como coceira generalizada ou tosse. Em Uganda, o denominado “epicentro da AIDS”, 80% das casas têm piso de chão batido ou feito de esterco de vaca. Toda uma família vive sobre esse piso. Há, em média, sete crianças por família, todas vivendo neste quarto. Isso não é o que nós, nos Estados Unidos e na Europa chamamos de moradia adequada, e é fácil ver como um problema como “coceira generalizada” pode surgir. Nessa altura, um africano sofrendo de coceira, diarréia e perda de peso deveria ser – de acordo com a OMS – oficialmente registrado como paciente de AIDS. A Definição de Bangui simplesmente renomeia os sintomas de pobreza como AIDS.



O segundo problema com a Definição de Bangui é a tuberculose. A tuberculose está muito difundida na África. É uma infecção bacteriana que infecta os pulmões. A tuberculose se dissemina pela tosse, sendo altamente infecciosa. Os sintomas típicos da tuberculose são febre, perda de peso e tosse. Isso é exatamente o que é requerido para um diagnóstico de AIDS.

Então, se você tiver tuberculose na África, você pode ter um diagnóstico de AIDS?



Fiala: Correto. De acordo com a OMS, os sintomas típicos de tuberculose definem a AIDS na África.



Outro problema com a Definição de Bangui é a malária. A malária é a doença mais difundida na África e nos países tropicais. É a principal causa de morte em Uganda. Ela é disseminada pelos mosquitos, assim, as pessoas são reinfectadas diversas vezes por ano. Um grande número de pessoas morre todos os anos, enquanto o resto desenvolve uma imunidade relativa, embora esteja diminuindo entre eles. Os sintomas da malária incluem febre, perda de peso e fadiga. Se você tiver uma tosse ou coceira, e tiver malária na África, você pode ter um diagnóstico de AIDS.



Como se isso não fosse bastante problemático, em alguns países africanos, como a Tanzânia, as autoridades de saúde decidiram que um único critério de diagnóstico é tudo o que precisam. Um paciente que tenha apenas um dos sintomas principais – diarréia, febre ou perda de peso – pode receber um diagnóstico de AIDS.



Isso é pouco científico, e é muito diferente do que as pessoas ouvem falar sobre a AIDS na África. A idéia de que deveria haver um tipo diferente de AIDS para os africanos ou para os europeus ou para os americanos desafia a definição científica de infecção viral. Um único vírus não causa doenças diferentes em pessoas diferentes ou em países diferentes. Uma infecção viral não varia de modo tão selvagem de forma a criar câncer pélvico em mulheres, sarcoma de Kaposi em homens gueis, e tuberculose em africanos. Mas é isso o que nos pedem que acreditemos em relação ao HIV.

Qual é o tratamento para a tuberculose e a malária?



Fiala: O melhor tratamento é a prevenção. O modo mais eficaz de reduzir todas essas doenças infecciosas é melhorar o padrão de vida e de higiene para os moradores locais – oferecer água saudável e limpa; comida abundante e saudável; moradia adequada e cuidados médicos básicos. Foi exatamente dessa forma que a incidência de tuberculose e de outras doenças infecciosas foram dramaticamente reduzidas nos EUA e na Europa.



O tratamento para a malária é bem conhecido e simples. Criar barreiras aos mosquitos que protejam as aldeias; água limpa, saudável e não estagnada; remédios baratos, altamente eficazes combatam eficazmente a doença.

Por que os países africanos não possuem sistemas de água tratada?



Fiala: Você poderia ter feito essa pergunta há 100 anos nos Estados Unidos e na Europa. Esgotos e sistemas de água dependem do desenvolvimento econômico. Temos essas coisas no ocidente porque sabemos que são absolutamente essenciais, assim, investimos dinheiro e energia neles.



Muitas nações africanas não têm o dinheiro para instalar essa infra-estrutura e modernizar as aldeias. O dinheiro que têm está sendo recanalizado para a AIDS. Esses países estão sendo pressionados por organizações internacionais da AIDS para tirar dinheiro do desenvolvimento rural e colocá-lo na educação da AIDS, distribuição de preservativos, campanhas de abstinência e remédios tóxicos para a AIDS.



Dizem que há quase 30 milhões de africanos que têm AIDS. Este é um número enorme de pessoas. Como esses casos são contados?



Fiala: A Organização das Nações Unidas para a AIDS (UNAIDS) e a OMS utilizam vários modelos de programas de computador para obterem seus números.



Rodney Richards: Quando você ler sobre os milhões de infectados pelo HIV na África, note que a palavra “calcula-se” precede o número nas publicações oficiais.

O que significa “calcula-se”?



Richards: Todos os relatórios da OMS/UNAIDS de infecções de HIV na África são “calculados” com base em testes de HIV realizados em amostras de sangue colhidas em clínicas de gravidez. Esses relatórios globais são criados pela OMS e pela UNAIDS em conjunto.

Por que sangue é colhido de clínicas de gravidez?



Richards: Em países com pouca infra-estrutura, o atendimento médico é muito restrito, e é geralmente reservado ao segmento mais vulnerável da população, como crianças e mulheres grávidas. Até mesmo nos países mais pobres, há clínicas de gravidez que atendem a mães grávidas e a mulheres que acabaram de dar à luz.



Mulheres grávidas regularmente fazem fila nessas clínicas por um exame que inclui um teste de sangue para a sífilis. A sífilis é comum em muitos países africanos, e deve ser tratada antes do nascimento do bebê, ou a criança pode morrer ou ser severamente prejudicada.



Uma vez por ano, os pesquisadores da UNAIDS coletam restos de sangue de amostras dessas clínicas, e os testam com o teste de anticorpos de HIV chamado de Elisa. O número de resultados positivos para o HIV alimenta um programa epidemiológico de computador (Epi-model) na sede da OMS em Genebra. O programa Epi-model extrapola, então, os resultados de testes HIV-positivos para toda a população – jovem e velha; homens, mulheres e crianças. Quando ouvimos falar do número das pessoas infectadas com HIV, é esse número que está sendo informado.



Como os números de infecção pelo HIV informados correspondem ao número real de pessoas testado?



Richards: A OMS/UNAIDS nos diz que há 30 milhões de africanos soropositivos de HIV atualmente, contudo, menos de um em cada mil dessas pessoas foi submetida a testes. Na África do Sul, a OMS/UNAIDS diz que 5 milhões de pessoas estão infectadas com o HIV, mas esse número se baseia em apenas 4.000 testes positivos de HIV reais feitos com mulheres grávidas.



Mas mesmo esses resultados positivos de testes dificilmente são indicativos de infecção pelo HIV. Os testes de anticorpos de HIV utilizados nessas pesquisas costumam apresentar resultados positivos baseados em reações cruzadas com os anticorpos produzidos pela malária, tuberculose e infecção parasitária – todas, doenças comuns na África. Os próprios fabricantes do teste advertem que a gravidez é uma causa conhecida de falsos positivos.



Fiala: Testar as mulheres grávidas para a infecção pelo HIV é uma profecia auto-realizadora, mas as mulheres grávidas são as únicas pessoas regularmente testadas para a infecção pelo HIV na África sub-saariana.



Nos dizem que 28 milhões de pessoas em todo o mundo e 22 milhões de africanos morreram de AIDS. Como as mortes de AIDS são contadas na África?



Richards: As mortes de AIDS são também calculadas. O número de mortes é projetado a partir do cálculo das infecções de HIV que resultam do programa Epi-model. Supõe-se que se um certo número de pessoas está infectada pelo HIV, então, um certo número morrerá de AIDS. Essa suposição baseia-se naquilo que os pesquisadores sabem historicamente sobre a progressão da doença em pacientes de AIDS, principalmente a partir de estudos feitos com inveterados usuários de drogas intravenosas que são HIV positivos e homens homossexuais nos EUA e na Europa.

Esses números são precisos?



Richards: Não, os números são fortemente exagerados. Por exemplo, a OMS/UNAIDS diz que houve 2,2 milhões de mortes por AIDS em Uganda até aqui, mas o Ministério de Saúde de Uganda registra um total acumulado de apenas 56.000 mortes por AIDS desde o começo da epidemia. O relatório da OMS é 33 vezes maior que o número real de mortes registradas e verificadas.

A partir do final de 2001, os órgãos governamentais oficiais no mundo em desenvolvimento conseguiram contabilizar apenas 7% do total acumulado das mortes por AIDS que a OMS/UNAIDS declara terem ocorrido. A Federação Russa pôde atribuir à AIDS apenas 3% do número de mortes calculadas pela UNAIDS. A Índia contou apenas 2% da estimativa da UNAIDS. A China, apenas 1%.



Se entendo corretamente, o número de pessoas que nos dizem ter HIV e AIDS na África é de fato um extrapolação incorreta, feita por computador, com base em resultados de testes não específicos de anticorpos, que apresentam reação cruzada em mulheres grávidas?



Fiala: Correto.



E o número de mortes de AIDS na África é uma projeção baseada naquele número anterior, também fortemente exagerado?



Richards: Isso também está correto.

O que significa um diagnóstico de AIDS para um africano com tuberculose ou malária?



Fiala: Em muitas clínicas africanas, os suprimentos médicos básicos como os antibióticos são extremamente limitados. Uma clínica pode ter apenas 10 frascos de antibióticos. Os pacientes de AIDS freqüentemente recusam tratamento antibiótico, porque acreditam que irão morrer, não importa de quê. Os médicos do ocidente deixaram claro que a AIDS é uma doença fatal.



Ajudá-los é considerado um desperdício de recursos escassos.

Qual é a principal organização da AIDS em Uganda?



Fiala: TASO – A Organização de Apoio à AIDS. Eles declaram que são independentes, mas são em grande parte financiados pela indústria farmacêutica. Estão construindo edifícios atualmente, preparando o terreno para numerosos testes de HIV deste tipo, não específico e de reação cruzada, e para distribuir drogas tóxicas para a AIDS.

Na África, 50% da população não têm acesso algum à água potável limpa e a grande maioria nem mesmo dispõe de atendimento médico básico. E a resposta de organizações multimilionárias da AIDS é promover testes de HIV, distribuir preservativos e implementar o tratamento com drogas mortais de AIDS. Essas drogas são semelhantes ou idênticas as drogas de quimioterapia utilizadas em tratamentos de câncer. Elas atuam estancando o crescimento da célula. Elas aniquilam completamente o seu corpo.

Quais drogas de AIDS estão sendo utilizadas na África?



Fiala: A Boehringer, uma companhia farmacêutica, tem realizado estudos em Uganda com uma droga chamada Nevirapine. A FDA negou-se a aprovar o Nevirapine nos Estados Unidos para conter a assim chamada transmissão da mãe para a criança porque é ineficaz e tem efeitos colaterais mortais, mas é exatamente assim que a droga está sendo utilizada na África – nas mulheres grávidas.

Em uma experiência com o medicamento, 17% dos pacientes que tomaram Nevirapine apresentaram problemas hepáticos. Um trabalhador em serviços de saúde dos Estados Unidos que toma Nevirapine precisou fazer um transplante de fígado para evitar perder sua vida em resultado da toxicidade da droga. Cinco mulheres na África do Sul morreram e dúzias delas apresentaram problemas hepáticos num experimento com várias drogas da AIDS que incluía o Nevirapine.



O próprio rótulo de advertência do fabricante do Nevirapine afirma que os pacientes que tomam o remédio experimentaram: “Intoxicação hepática [danos no fígado] severa, debilitante e, em alguns casos, fatal,” e “sérias e debilitantes reações na pele, incluindo casos fatais.”

Essas são as drogas mais tóxicas conhecidas da medicina, e estão sendo aplicadas na parcela mais vulnerável da população – as mães grávidas, as crianças por nascer e os recém-nascidos – com base num teste falho, ou em nenhum teste, enquanto sua alimentação real, seu abrigos e necessidades de água continuam a ser ignoradas.



O que ajudaria os africanos de fato é o desenvolvimento de infra-estrutura: serviços de saúde pública adequados, água saudável, atendimento médico básico e abundante, alimentação adequada. Isso é simples, claro e lógico. O que é surpreendente é que a ONU está recomendando justamente o oposto.



Em 1999 a comissão da UNAIDS ofereceu suas recomendações oficiais numa conferência de ministros de finanças que representavam vários países africanos. As recomendações exatas da ONU para as nações africanas: redirecionar bilhões de dólares da saúde, infra-estrutura e desenvolvimento rural para remédios mortais para a AIDS, preservativos e palestras sobre sexo seguro. Isso não é o que essas pessoas já sofredoras precisam para ser saudáveis e bem-sucedidas. Isso é exatamente a forma de propagar a morte, a doença e a pobreza.



Epílogo:



Se a história da AIDS na África parece uma paródia de uma asneira burocrática, tome nota: em abril deste ano, os Centros de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) anunciaram uma nova estratégia de testes para o HIV nos Estados Unidos. Em lugar de confiar nos testes de HIV voluntários, os funcionários federais estão recomendando o teste de todas as mulheres grávidas nos Estados Unidos, e implementando medidas para tornar os testes de HIV uma parte rotineira das visitas de hospitais. O CDC está promovendo um teste de HIV rápido para uso em todas as clínicas financiadas pelo governo federal, como também em albergues para sem-tetos, prisões e centros para tratamentos de abuso de drogas.

Sabemos que os testes de anticorpos de HIV apresentam reações cruzadas com os anticorpos produzidos durante a gravidez, com o abuso de drogas e com quase 70 outros estados de saúde comuns, e nenhum teste está aprovado pela FDA para diagnosticar uma infecção pelo HIV. O tratamento médico padrão para a infecção pelo HIV é sempre uma combinação das drogas mais tóxicas já fabricadas.



A série “O Debate da AIDS” explorou o processo científico e sociológico que originou a teoria do HIV, e as ramificações de uma teoria especulativa impingida a um público desinformado e confiante.

Devemos perguntar a nós mesmos: estamos fazendo o melhor que podemos para as pessoas doentes? O melhor que podemos oferecer aos africanos empobrecidos é o AZT e o Nevirapine? O melhor que podemos fazer para mães viciadas em drogas é impingir-lhes mais drogas em seu sistema? E o que dizer das pessoas azaradas o bastante para ter um resultado de HIV positivo nestes testes cientificamente inválidos? Eles merecem saber que têm uma enfermidade fatal?



“Sobre doenças, adote um hábito de dois gestos: ajudar, ou, pelo menos, não fazer nenhum dano.”



Em relação a seres humanos, uma coisa é certa: sempre podemos fazer melhor.

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